Gasolina sobe 90% na Argentina, mas segue mais barata que no Brasil; veja valores lá e aqui
Preços começam a se ajustar à redução dos subsídios e desvalorização da moeda com chegada de Milei
A chegada de Javier Milei à presidência da Argentina já começa a transformar a economia local. Além das reformas econômicas, os preços começam a se ajustar à redução dos subsídios públicos e à desvalorização da moeda.
E, assim, o consumidor já sente no bolso a disparada dos preços. A distorção da economia argentina, porém, é tão grande que, mesmo assim, muitos valores continuam muito abaixo dos praticados no Brasil.
Nas últimas horas, a gasolina aumentou pela terceira vez desde a chegada de Milei à Casa Rosada em 10 de dezembro. Três aumentos em quatro semanas e o litro pago pelo motorista está cerca de 90% mais caro que antes da posse.
Nos postos de gasolina de Buenos Aires, o litro custa, agora, a partir de 699 pesos. Pela cotação do dólar paralelo — a mais usada pelos próprios argentinos, o valor equivale a cerca de R$ 3,25. É muito menos que o motorista paga no Brasil. Dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) mostram que atualmente o litro da gasolina comum no Brasil está em R$ 5,58.
Portanto, mesmo com o aumento de 90%, a gasolina da Argentina ainda é 40% mais barata que a do Brasil.
A mesma distorção é vista em outros preços. Os ônibus na cidade de Buenos Aires tiveram aumento de 45%, e a tarifa mínima subiu para 77 pesos. O valor equivale a R$ 0,35 — valor 90% mais barato que os R$ 4,40 pagos na cidade São Paulo.
No metrô de Buenos Aires, o reajuste de janeiro e a alta de fevereiro somarão 56%. Mesmo assim, o bilhete simples custa atualmente R$ 0,50 — exatamente a décima parte da tarifa de São Paulo, que aumentou para R$ 5,00.
Mas a diferença deve diminuir. Economistas e o próprio governo Milei reconhecem que o ajuste de preços ainda não acabou, e que os aumentos só estão começando. Os ônibus de Buenos Aires, por exemplo, passarão a ter atualização da tarifa a cada mês.
Manuel Adorni, porta-voz do governo Milei, disse nesta quarta-feira que a inflação de dezembro — primeiro mês da atual gestão — ficou próxima de 30%. No Brasil, a inflação acumulada em cinco anos — de 2019 a 2023 — soma 32%.
Portanto, atualmente os preços sobem em um mês na Argentina o que levam cinco anos para aumentar no Brasil.
Para os próximos meses, um novo motor da inflação deve ser a energia elétrica. O governo começará a discutir nos próximos dias a atualização dos preços da conta de luz, e aumentos expressivos são esperados, já que há grande volume de subsídios à eletricidade no país.