Ganhos decepcionantes de bancos americanos apontam para recessão nos EUA
Lucro das instituições financeiras caiu até 66% no 4º trimestre de 2022
Seis dos maiores bancos dos EUA reportaram seus resultados do 4º trimestre de 2022 nos últimos dias. Dentre eles, três tiveram queda na receita e quatro tiveram lucros menores, na comparação com o mesmo período do ano anterior.
O fraco desempenho do setor é mais um dado que corrobora com a tese de que a economia dos EUA está desacelerando e pode entrar em recessão, como consequência do forte aperto monetário que o Fed fez nos últimos meses para controlar a inflação.
O impacto dos juros altos é ainda mais evidente nos números dos bancos focados em investimentos. Nos últimos três meses do ano, os lucros destas insituições financeiras caíram até 66% na comparação anual.
O fraco desempenho destes bancos está ligado, entre outros motivos, ao baixo números de IPOs com a perda de atratividade do mercado acionário com os juros altos. Segundo dados da S&P Global Market Intelligence, apenas 20 IPOs foram feitos nos EUA durante outubro e dezembro. No mesmo período, em 2021, foram 234 operações.
“A atividade colapsou e prejudicou bastante os bancos que dependem mais disso”, afirma Alex Lima, estrategista-chefe da Guide, citando os caso do Goldman Sachs e do Morgan Stanley.
Segundo ele, os bancos que também operam no varejo tiveram números melhores, pois apesar de perderem receita no mercado acionário, conseguem se beneficiar dos juros altos para ganhar na parte de crédito.
Daqui para frente, com a perspectiva de juros mais altos por mais tempo, Lima pontua que o setor financeiro deve continuar com os resultados pressionados. “Podemos ver fraqueza desses bancos por mais alguns trimestres”, diz o economista-chefe da Guide.
Recessão
Neste cenário que se desenhou com os resultados dos bancos, somada a perspectiva de que os juros vão subir mais, Lima acredita que os EUA vão entrar em recessão. “A economia sofre muito com o custo do capital mais caro”, afirma o economista.
Vale lembrar que o Fed subiu seus juros nas últimas sete reuniões e a taxa está hoje no intervalo de 4,25% a 4,50%. Para a reunião dos dias 31 de janeiro e 1º de fevereiro, mais de 90% do mercado acredita que os juros vão subir mais 0,25 ponto percentual, segundo dados do CME Group.
Apesar deste cenário, Lima pontua que ainda é cedo para saber a intensidade da recessão que vai atingir os EUA. “O mercado de trabalho ainda está muito aquecido e segurando a atividade. Quando ele normalizar, acredito que no meio do ano, vamos saber qual será o impacto dos juros na economia.”