Galípolo deve escrever duas cartas para explicar inflação fora da meta no 1º semestre
Novo presidente do BC envia sua primeira carta nesta sexta-feira, às 18h — mas a sistemática de inflação que estreia em 2025 deve obrigá-lo usar a caneta novamente
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Novo presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo enviará nesta sexta-feira (10), às 18h, carta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para explicar o estouro da meta de inflação em 2024 — e sua caneta deve voltar a ser demandada ainda no primeiro semestre deste ano.
Indicador oficial de inflação do país, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrou o período de janeiro a dezembro de 2024 em 4,83%. A meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e a ser perseguida pelo BC era de inflação a 3%, com margem de tolerância de 1,5%, ou seja, até 4,50%.
Acontece que este é o último ano em que vale a regra atual da inflação, medida de janeiro a dezembro. A diretriz indica que em caso de estouro o presidente do BC escreve e envia uma carta ao presidente do Conselho Monetário Nacional (CNM) — que é o ministro da Fazenda — explicando os motivos.
A tendência é de que Galípolo envie duas cartas já neste semestre porque em 2025 entra em vigência a nova sistemática da meta de inflação: agora é considerada a variação do IPCA mês a mês, e o presidente do BC é obrigado a usar a caneta caso o índice acumulado em 12 meses ultrapasse a meta por seis meses consecutivos.
A previsão do BC divulgada no mais recente relatório de inflação é de que o IPCA acumulado em 12 meses fique acima dos 5% durante todo o primeiro semestre. Assim, em junho, o novo presidente do Banco Central deve ser obrigado a escrever uma segunda carta, já que a tolerância da meta é de 4,5% novamente.