Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    FMI recomenda que Milei proteja setores mais pobres da Argentina

    Subdiretora do FMI esteve no país na semana passada para avaliar progresso da economia

    Presidente da Argentina, Javier Milei
    Presidente da Argentina, Javier Milei 07/02/2024 - REUTERS/Ammar Awad

    Estadão Conteúdo

    O Fundo Monetário Internacional (FMI) recomendou que o presidente da Argentina, Javier Milei, proteja os setores sociais mais pobres do país, enquanto avança com suas reformas econômicas ultraliberais e busca reduzir o déficit fiscal a zero.

    “As medidas concretas adotadas para cumprir com a âncora fiscal devem ser calibradas para garantir que a assistência social continue sendo prestada e que o peso não recaia totalmente sobre os grupos mais pobres”, declarou a subdiretora do FMI, Gita Gopinath, em uma entrevista ao jornal La Nación publicada neste domingo (25).

    A Argentina mantém com o FMI um programa de crédito de US$ 44 bilhões (cerca de R$ 219 bilhões) e a funcionária visitou o país na quinta (22) e na sexta-feira (23) para avaliar seu progresso pessoalmente e se reunir com Milei e membros do governo.

    Gopinath também teve reuniões com economistas, sindicalistas e representantes de organizações sociais que demandam mais ajuda estatal.

    O governo enfrentou, nos dois meses e meio de gestão, uma desvalorização de 50% da moeda, a completa liberalização de preços, desregulamentações e cortes drásticos para alcançar o déficit fiscal zero ainda neste ano, como principal remédio para conter uma inflação de 254,2% e reverter uma pobreza de mais de 50%.

    Gita Gopinath considerou importante “que as aposentadorias e a assistência social acompanhem o ritmo da inflação”.

    Ela opinou que “a economia herdada por este governo estava à beira de uma crise e exigia uma ação audaciosa e decisiva para afastá-la do precipício” e que já foram adotadas algumas medidas de alívio social, “mas serão necessárias mais, para garantir que a redução do déficit fiscal não recaia sobre os segmentos vulneráveis da sociedade”.

    “Prevemos que a inflação possa cair para um dígito até meados deste ano”, disse a subdiretora do FMI, “mas acredito que levará pelo menos um ano para reduzir a inflação a níveis baixos e, em seguida, mantê-la nesses níveis até 2025 também exigirá esforços”, ponderou.

    Para o FMI, “também será muito importante investir em capital humano”.

    “Este é um aspecto crítico. As taxas de pobreza infantil de mais de 55% são extremamente preocupantes. É o futuro do país. É importante garantir que essa porcentagem diminua muito e poder investir mais em educação”, diz o órgão.

    Sobre os planos de Milei de dolarizar a economia para concluir suas reformas econômicas ultraliberais, Gopinath insistiu que “a decisão sobre que tipo de regime monetário um país terá é uma decisão soberana”.