FMI e Banco Mundial vão se reunir em meio a preocupações com mercados emergentes
Inflação, juros altos e desaceleração da China são principais tópicos no radar
As economias emergentes estão enfrentando problemas de todos os lados.
A recente venda de Treasuries e a desaceleração da economia da China geram incertezas, enquanto o Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos) pode não ter chegado ao fim de seu ciclo de aumento dos juros.
Os esforços de reestruturação da dívida para países inadimplentes podem ter avanços antes do fim do ano, à medida que as negociações continuam.
Enquanto isso, as finanças de países como o Paquistão e o Egito também estarão sob escrutínio quando as autoridades e gestores de ativos se encontrarem nas reuniões anuais do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI) no Marrocos, na próxima semana.
Os principais temas de mercados emergentes que geram preocupações
Desaceleração da China
O investimento da China em infraestrutura e imóveis alimentado por dívidas atingiu seu pico e as exportações estão desacelerando em linha com a economia global.
Como a desaceleração da economia de US$ 13 trilhões (R$ 67,66 trilhões) afetará outros mercados emergentes ainda é uma questão sem resposta para os investidores.
A demanda por commodities será afetada, já que a segunda maior economia do mundo gasta menos em bens e serviços.
O Banco Mundial reduziu sua previsão de crescimento da China em 2024 de 4,8% para 4,4%.
Financiamento da Ucrânia
A Ucrânia precisa decidir o que fazer com seus US$ 20 bilhões (R$ 104,09 bilhões) em títulos internacionais pendentes, uma vez que o congelamento de pagamentos vai expirar em agosto.
Enquanto isso, o tamanho e a forma da ajuda internacional para a Ucrânia em 2024 não estão claros, e um projeto de lei de gastos no Congresso norte-americano que não incluiu aporte para Kiev tem aumentando a incerteza.
Reformulação de dívidas
Espera-se que acordos de dívida para países inadimplentes progridam no Marrocos, já que as reuniões presenciais entre credores e autoridades governamentais podem gerar avanços.
A Zâmbia precisa chegar a um acordo formal com credores oficiais, incluindo o Clube de Paris e a China.
O Sri Lanka está em negociações com o FMI sobre a primeira revisão de um programa de US$ 2,9 bilhões (R$ 15,09 bilhões).
Gana está negociando uma reformulação da dívida com credores bilaterais e privados.
Calotes
Argentina, Paquistão e Quênia estão no topo da lista de países que podem enfrentar um calote da dívida soberana, de acordo com a pesquisa de setembro do JPMorgan com investidores.
As reservas da economia argentina são escassas e o país precisa pagar um empréstimo recorde de US$ 44 bilhões (R$ 229,01 bilhões) do FMI, com uma eleição presidencial iminente em 22 de outubro.
O Fundo concedeu ao Paquistão um empréstimo ponte que deve ajudar o país até suas eleições gerais de janeiro.
Os pagamentos da dívida externa das economias emergentes de alto rendimento totalizarão US$ 30 bilhões (R$ 156,14 bilhões) em 2024.
Grande parte do foco está no título de US$ 2 bilhões (R$ 10,41 bilhões) do Quênia que vence em junho.
Turquia
Ancara ainda tem US$ 2,5 bilhões reservados para emissões em 2023 e, portanto, precisará recorrer aos mercados em breve.
O ministro das Finanças, Mehmet Simsek, reuniu-se com investidores em Nova York, Washington e Londres nas últimas semanas, e se encontrará com alguns dos maiores gestores de ativos no Marrocos para divulgar a forte reviravolta de Ancara em direção a uma economia ortodoxa.
Isso inclui 2.150 pontos-base de aumentos nos juros desde junho para combater a inflação, que está em 61,5%.
As eleições locais em março do próximo ano são o próximo grande evento político, depois que o presidente Tayyip Erdogan garantiu outro mandato em maio.
Reformas
O Banco Mundial, o FMI e outros bancos multilaterais de desenvolvimento estão sob pressão para aumentar os empréstimos aos países mais pobres a fim de financiar o desenvolvimento e combater as mudanças climáticas.
A China e outras grandes economias emergentes há muito tempo exigem uma maior participação na arquitetura financeira global, que ainda é dominada pelos parâmetros estabelecidos pela reunião de Bretton Woods de 1944, onde o FMI e o Banco Mundial foram criados.
O bloco do Brics de países em desenvolvimento adicionou seis novos membros em sua cúpula anual em agosto, com o objetivo de obter maior influência nas finanças internacionais.