Financiamento dos importadores argentinos é bom para o Brasil, diz Associação de Exportadores
Governo brasileiro quer retomar liderança entre países que mais exportam para Argentina
A proposta para criação de um mecanismo de financiamento às exportações de manufaturados brasileiros para Argentina é positiva para o Brasil, disse à CNN o presidente da Associação Brasileira de Exportadores, José Augusto de Castro. Em viagem ao país vizinho, o governo Lula deve apresentar a ideia para reforçar a parceria comercial entre os países.
“A expectativa é positiva porque os argentinos não compram mais porque não tem divisas. Por muitos anos o país foi o principal mercado para produtos manufaturados brasileiros. Hoje estamos em segundo lugar, perdemos para a China. Retomar essa posição será boa para a indústria nacional”, disse à CNN o presidente da AEB.
A China tomou a posição de maior exportador para Argentina em 2021. O governo chinês financia diretamente os importadores argentinos, o que ajudou a melhorar o desempenho comercial entre os dois países. José Augusto de Castro lembra que há 10 anos, o Brasil exportava cerca de $20 bilhões de dólares por ano aos vizinhos. Atualmente, a conta chega a US$ 15 bilhões, 95% de produtos manufaturados.
O presidente da AEB defende a proposta do governo por questões estratégicas, como a logística pela proximidade dos países. Ele argumenta que o transporte das mercadorias para Argentina é feito majoritariamente por via terrestre. Segundo motivo, pelo fortalecimento da indústria da transformação do Brasil.
“Se não melhorarmos as condições de pagamento dos argentinos podemos perder ainda mais. Ao garantir a capacidade de compra deles, os exportadores brasileiros têm mais segurança e o país pode gerar mais empregos qualificados”, afirma José Augusto Castro.
Segundo relatos feitos à coluna por interlocutores da equipe econômica, o governo brasileiro quer que bancos brasileiros, públicos e privados, façam a operação com garantia do Tesouro, usando recursos do Fundo Garantidor às Exportações, com garantias. A contrapartida que será exigida pelo Brasil são recebíveis dos contratos comerciais, por exemplo, venda de gás natural, ou de outras commodities que tenham liquidez e preços formados no mercado internacional.