Inflação na construção civil é a maior em 28 anos, aponta levantamento da FGV
Entre os vários itens do setor, um em especial levou os preços para cima: o aço
A alta dos preços na construção civil é a maior em 28 anos. Essa inflação do setor é apontada em levantamento da Fundação Getúlio Vargas que revela que, na média, os preços do segmento subiram 38,66% nos últimos 12 meses. Entre os vários itens do setor, um em especial levou os preços para cima: o aço.
Em reais, o aço subiu mais de 72,6% em 12 meses até maio e a tonelada do material já supera os R$ 5 mil no Brasil. “Estamos vivendo um fenômeno especial não apenas no Brasil, já todos os insumos tiveram impacto muito expressivo”, diz Marco Paulo de Mello Lopes, presidente do Instituto Aço Brasil.
Algumas razões explicam a dispara do preço do aço – item essencial na construção e também em outros segmentos, como a indústria de veículos. Entre as razões, a principal delas é a retomada da economia de países que conseguiram controlar a pandemia, como a China e os Estados Unidos – que anunciaram um pacote trilionário de obras de infraestrutura.
Diante do aumento de custos, o setor da construção civil alerta que empreendimentos de maior valor poderão ser privilegiados em detrimento dos projetos voltados à menor renda. Segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o aumento de custo pode desincentivar projetos voltados às rendas mais baixas.
André Braz, coordenador da área de índices de preços da FGV, nota que preços em dólares de várias matérias-primas ligadas ao setor – como minério de ferro, alumínio e cobre – continuam com aumento de valor, o que pode manter os preços em alta.
Para tentar amenizar o aumento de custos, o vice-presidente do Sindicato da Construção Civil (Sinduscon), Eduardo Zaidan, diz que lideranças do setor sugerem ao governo redução da alíquota de importação do aço, que poderia passar dos atuais 12% para 1%. Segundo ele, isso poderia viabilizar importações, o que poderia amenizar a alta dos preços.