FGV prevê empresários mais cautelosos no segundo semestre do ano
Entidade avalia que inflação, juros e ano eleitoral podem mexer com o otimismo do setor. Desempenho da confiança foi positivo nos últimos três meses
O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), responsável pelo estudo do Índice de Confiança da Indústria (ICI), divulgado nesta terça-feira (28), avalia que a disputa eleitoral, atrelada ao aumento de preços e à elevação das taxas de juros, deve frear o ânimo da categoria no próximo semestre.
De acordo com o resultado da última pesquisa, o otimismo do setor cresceu em junho pelo terceiro mês seguido, mas deve ser enfraquecido pelo cenário econômico do Brasil.
O economista da FGV IBRE, Stéfano Pacini, explica que esses fatores devem fazer com que as perspectivas para o segundo semestre de 2022 não sigam o ânimo registrado agora.
“Nós estamos em um ano de eleição e temos passado por problemas de inflação e aumento de juros. Esses aspectos macroeconômicos levam os empresários a ficarem mais cautelosos quanto às perspectivas dos próprios negócios, porque podem gerar incerteza”, enfatiza.
Ainda que as previsões para um futuro próximo sejam de cautela, neste mês, o ICI alcançou o nível mais alto desde novembro de 2021, chegando aos 101,2 pontos. Com o número, o indicador ultrapassou o estágio de neutralidade, quando não há nem otimismo nem pessimismo por parte dos representantes da indústria.
Pacini destaca que um desempenho superior a 100 pontos indica maior satisfação e confiança dos industriais na conjuntura atual.
“Esse resultado significa um bom momento, porque mostra aceleração das métricas que avaliam a expectativa do empresário do setor quantos aos negócios e à economia”, pondera.
O pesquisador também chama a atenção para a performance de junho, que levou o índice a acumular a terceira alta consecutiva.
“O resultado deste mês foi muito influenciado por um momento melhor da demanda e por uma sensação positiva dos empresários. Isso foi observado, em especial, na fabricação de bens intermediários, como a indústria química e de petróleo, e de bens de consumo, como alimentos, eletrônicos e veículos. Esses são segmentos fortes no país”, afirma.
Ao todo, 13 das 19 classes monitoradas pelo estudo apresentaram crescimento neste período. “Nós observamos uma expectativa de futuro em um horizonte de três meses. Neste intervalo, nós acreditamos que os empresários estarão mais otimistas quanto a decisões de aumento de produção”, analisa.