Fevereiro repete janeiro e produção de veículos cai 20%, diz Anfavea
Números da exportação também apresentaram queda; Argentina é vilã


O ano de 2020 não vem sendo fácil para o setor automotivo. Após uma queda de 3,2% na produção de janeiro, o mês de fevereiro trouxe uma nova redução: 20,8%, em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados foram divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) nesta sexta-feira (6).
No total, foram produzidos 204 mil veículos no último mês. A principal vilã para essa queda no início do ano foi a Argentina. A recessão do país vizinho foi uma das responsáveis pelas exportações terem caído 7% em fevereiro, a 38 mil veículos. No ano passado, a queda nas vendas de veículos para o exterior foi de 32%.
“Diante da escalada dos problemas macroeconomicos, estou preocupado com a exportação”, diz Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea.
Para Paulo Garbossa, consultor da ADK Automotive, os números negativos do início do ano devem continuar até o mês que vem. A partir de abril, segundo ele, a produção deve voltar a subir em comparação a 2019.
“O mercado vai crescer neste ano, essas quedas podem ser vistas como algo pontual”, diz Garbossa. O especialista, no entanto, está preocupado com os impactos do coronavírus na economia global e, consequentemente, no setor.
Não que o Brasil esteja perto de uma epidemia com o nono caso confirmado. Longe disso. Mas os efeitos econômicos já estão sendo sentidos: o dólar ultrapassando os R$ 4,60 e a dificuldade de se importar peças, especialmente da China. A província chinesa de Hubei, que é o epicentro do coronavírus, é uma das principais responsáveis pela produção desses componentes ao redor do mundo.
Porém, segundo a Anfavea, ainda não houve impacto do coronavírus no mercado brasileiro e ainda há estoque de peças para as próximas semanas. Porém, o risco de uma eventual parada não stá descartado.
Outra notícia negativa para o setor foi o cancelamento do Salão do Automóvel, tradicional evento do setor que ocorreria em novembro deste ano, em São Paulo. A decisão foi oficializada nesta sexta-feira (6). A decisão ocorreu após 15 marcas, entre elas Chevrolet, Toyota, Lexus, BMW, Mini, Peugeot, Citroën, terem desistido de participar do evento.
Segundo a Anfavea, o cancelamento do evento deixará de movimentar 320 milhões de reais na cidade de São Paulo, além de não criar cerca de 30 mil empregos. O evento, agora, ficará para 2021.