Falta informação sobre progresso do Brasil na área climática, diz Campos Neto
Para o presidente do BC, os choques ambientais afetam fortemente a economia, com incertezas e variações de preços
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, acredita que o baixo desenvolvimento do Brasil no mercado de investimentos sustentáveis seja por falta de informações disponíveis aos investidores internacionais sobre os progressos ambientais do país. “O Brasil tem um grande potencial em negócios sustentáveis. Existe falta de informação grande sobre o que Brasil faz na área climática”, criticou.
Ele participou, nesta terça-feira (23), do debate virtual “Destravando o potencial de investimentos verdes para a agricultura no Brasil”, promovido pelo Climate Bonds Initiative (CBI). De acordo com ele, com US$ 1,5 bilhão em títulos verdes, o mercado brasileiro está “muito abaixo” do mercado global de mais de US$ 400 bilhões. “Em breve, o clima será mais preponderante que nossas decisões”, observou.
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Durante o debate, Campos Neto reforçou que o governo vai anunciar, em breve, mais medidas para o financiamento de atividades sustentáveis no país. No início do mês, o presidente da República, Jair Bolsonaro, assinou um decreto autorizando a criação de debêntures verdes incentivadas de infraestrutura, com intenção de simplificar e acelerar a aprovação de projetos com benefícios ambientais.
Choques ambientais
Para o presidente do BC, os choques ambientais afetam fortemente a economia, com incertezas e variações de preços. “Choques ambientais podem ser duradouros e podem mudar a estrutura de produção de um país. Também influenciam taxa de juros neutra. A saúde financeira do setor financeiro é influenciada por choques climáticos, que podem afetar o setor imobiliário ou ainda elevar a inadimplência, por exemplo”, destacou.
Ele ainda destacou que as práticas sustentáveis serão essenciais para países que desejam atrair investimentos estrangeiros. “O tema da mudança climática está na agenda de todos os Bancos Centrais do mundo. O Brasil tem um histórico forte na economia sustentável. Queremos criar marco regulatório mais robusto na questão ambiental”, comentou.
Créditos de carbono
Campos Neto adiantou também que o BC estuda o potencial do Brasil para se tornar um centro negociador de créditos de carbono, uma vez que este segmento está se recuperando no mundo. Segundo ele, atualmente, no Brasil, apenas 20% da emissão de carbono está sujeita à precificação.
“É um mercado muito cíclico que, mais recentemente, voltou a se recuperar. É importante e tem um papel fundamental. Por isso precisamos ajudar essa governança. Uma forma para isso é asseguram que as emissões de carbono estejam sujeitas a precificação”, afirmou.
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