Exportação de frango deve subir 6% até o fim de 2022, aponta associação do setor
Disponibilidade da carne suína para o mercado interno deve ter alta de 9% este ano. Deflação de 5,2% do produto nos últimos doze meses explica o aumento do consumo entre os brasileiros
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) aponta que a exportação de frango deve crescer 6%, chegando a 4,9 milhões de toneladas, até o fim deste ano. Isso acontece porque o mercado internacional busca o produto brasileiro, livre de gripe aviária, enquanto focos da doença são localizados em países da União Europeia e os Estados Unidos.
Para 2023, as expectativas continuam altas para a carne de frango. A entidade estima que a exportação pode crescer mais 6%, atingindo o patamar de 5,2 milhões de toneladas.
Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a variação do preço do frango inteiro foi de 16% nos últimos 12 meses. Já o frango em pedaços aumentou 22,1%. O IPCA acumulado do mesmo período foi de 11,89%.
“Os produtores têm mantido a disponibilidade interna de produtos, o que sustentou os níveis per capita. Os programas de auxílio à renda que chegarão ao mercado ainda este ano deverão incrementar o poder de compra da população, com consequente impacto nas vendas internas de produtos avícolas”, analisa o presidente da ABPA, Ricardo Santin.
Do outro lado, a aposta dos produtores de carne suína é o mercado interno. Este ano, cada brasileiro deve consumir 18 quilos do produto, o maior número já registrado desde a década de 1990, quando a Associação começou a medir o consumo.
A disponibilidade da carne suína no mercado interno ainda este ano deve subir 9%, com 3,9 milhões de toneladas. A proteína teve variação de –5,2% no acumulado do IPCA dos últimos 12 meses.
Segundo João Eloi, presidente executivo do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), o preço menor em relação a outras proteínas é um atrativo para os brasileiros.
“A população de renda mais baixa, que já tem dificuldade de comprar outras proteínas, como a carne vermelha e já tinha o ovo como proteína principal, tem a carne suína saindo mais barata”, analisa.
Para Luis Rua, diretor de mercado da ABPA, o consumidor brasileiro vem descobrindo a variedade e qualidade do produto. “Cerca de 3/4 do que o Brasil produz de carne suína fica no Brasil hoje”, avalia.
“A diversificação e customização de produtos pelas agroindústrias vem gerando oportunidades interessantes e possibilitando ao consumidor descobrir a qualidade e a variedade proporcionada pela carne suína que combina com praticamente tudo. Pelo lado da produção, tivemos um primeiro semestre bastante complicado, mas tudo indica que a segunda parte do ano seja melhor, tanto no mercado interno quanto nas exportações”.
Frango e linguiça têm maior procura nos mercados
Dados de um levantamento da consultoria Horus feito exclusivamente para a CNN revelaram que o frango foi a proteína mais presente nas listas de compras dos brasileiros no primeiro semestre deste ano, com 10,8% de frequência.
A demanda por linguiça também apresentou alta. O embutido foi encontrado em 5,8% das notas fiscais. A cesta de proteínas constatou ainda aumento de compras de carne suína e mortadela.
Esses itens ocupam agora o espaço anteriormente destinado à carne vermelha, com diminuição de consumo por conta do aumento de preços provocados pelo câmbio e pela inflação.