EUA: relatório de emprego alerta para possível queda de compra de ativo pelo Fed
O relatório também mostrou que a taxa de desemprego caiu drasticamente para 5,4%, enquanto os salários aumentaram em um ritmo sólido
Os dados de criação de postos de trabalho nos Estados Unidos mostrando fortes ganhos no emprego, queda acentuada na taxa de desemprego e aumentos salariais no mês passado devem levar o Federal Reserve para mais perto do momento de reduzir seu apoio massivo à economia.
Os números certamente ajudam a cumprir os critérios do diretor do Fed Christopher Waller para realizar tal movimento.
Nesta semana, o mais novo membro do painel de formuladores de política monetária do banco central dos EUA disse achar que o Fed poderia começar a reduzir seus US$ 120 bilhões em compras mensais de ativos até outubro caso 800 mil a 1 milhão de empregos fossem adicionados em cada um dos meses de julho e agosto.
O Departamento do Trabalho informou nesta sexta-feira (6) que foram criados 943 mil postos de trabalho fora do setor agrícola no mês passado, ultrapassando a projeção de economistas consultados em pesquisa da Reuters.
Os ganhos em junho e maio foram revisados para cima. A taxa de desemprego também caiu drasticamente para 5,4%, enquanto os salários aumentaram em um ritmo sólido.
Os empregadores norte-americanos agora têm uma média de cerca de 832 mil empregos adicionados por mês nos últimos três meses. Antes do relatório desta sexta-feira, essa média de três meses era de aproximadamente 567 mil.
Outras autoridades do Fed, incluindo o vice-chair, Richard Clarida, também disseram nesta semana que esperariam uma redução nas compras de títulos do Tesouro e títulos lastreados em hipoteca pelo banco central caso os ganhos de empregos acelerassem, embora nenhuma das autoridades defina uma linha tão clara quanto Waller.
“O ‘payroll’ robusto de hoje destaca uma forte recuperação no mercado de trabalho e aumenta as chances de o Fed reduzir suas compras de ativos mais cedo do que mais tarde”, disse Mike Bell, estrategista de mercado global da JP Morgan Asset Management.
O relatório de emprego melhor do que o esperado, no entanto, não encerrará o debate entre as autoridades do Fed sobre o momento ou ritmo exato para uma redução nas compras de ativos ou dos eventuais aumentos dos juros, que alguns acham que devem começar no próximo ano, enquanto outros acreditam que não devem ocorrer até 2023 ou mesmo mais tarde.
Isso em grande parte porque os critérios que o Fed estabeleceu para reduzir seu programa de compra de títulos –“progresso substancial” em direção à meta de inflação de 2% do Fed e pleno emprego– nunca foram definidos de forma precisa.
Está bastante claro que o objetivo foi alcançado do lado da inflação, uma vez que o aumento nos gastos pós-pandemia e gargalos nas cadeias de abastecimento ajudaram a elevar os preços, pelo menos temporariamente, bem acima da meta.
Mas a interpretação de “progresso em direção ao pleno emprego” varia de acordo com o membro do Fed.
“O progresso provavelmente ainda não será visto como ‘substancial’ o suficiente para diminuir (os estímulos), e não esperamos que os dados de agosto sejam tão fortes quanto os de julho”, escreveram economistas da TD Securities em nota nesta semana. Eles previam criação de 1 milhão de postos de trabalho no mês passado.