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    Escassez de chips ainda deve piorar nos EUA, diz secretária do Comércio

    Surtos de Covid-19 e questões climáticas afetaram produção na Ásia e criaram um descompasso entre oferta e demanda do produto

    Matt Egando CNN Business*

    A escassez mundial de chips de computador está alimentando as chamas da inflação e limitando o fornecimento de tudo, de iPhones a carros novos.

    Infelizmente, é improvável que essa escassez altamente perturbadora desapareça “em 2022”, disse a secretária de Comércio dos Estados Unidos, Gina Raimondo, à CNN.

    Raimondo, que recentemente visitou fábricas de semicondutores na Ásia, disse que os problemas de curto prazo ligados principalmente à Covid-19 devem se resolver durante o segundo semestre do próximo ano.

    Isso impede quaisquer choques adicionais da Covid-19 que poderiam desferir outro golpe nas cadeias de abastecimento.

    “Esperançosamente, no próximo ano ou talvez um pouco antes, a crise de curto prazo será melhor”, disse Raimondo durante uma entrevista em seu escritório em Washington. “O problema de longo prazo levará anos para ser resolvido. Simplesmente não fazemos chips suficientes nos Estados Unidos”.

    Os chips de computador são componentes essenciais para uma ampla gama de produtos, desde equipamentos de ginástica e tablets a máquinas de café. E são vitais para atender às ambições climáticas do governo Biden. Cada veículo elétrico tem cerca de 2.000 chips – ou quase o dobro do que um carro tradicional tem.

    Mesmo assim, apenas 12% dos chips de computador do mundo foram feitos nos Estados Unidos no ano passado, de acordo com a Semiconductor Industry Association. O valor caiu de 37% em 1990.

    “Isso só vai piorar”

    A Covid-19 expôs como as intrincadas cadeias de abastecimento dos Estados Unidos são sensíveis a choques, mesmo os que acontecem do outro lado do mundo. Surtos da doença e condições climáticas extremas no exterior prejudicaram a produção de chips na Ásia, enquanto a demanda simultaneamente disparou.

    É por isso que o governo Biden está defendendo o CHIPS for America Act (Ato por chips para a América, em tradução livre), um investimento de US$ 52 bilhões que incentivaria a produção e pesquisa de semicondutores nacionais.

    “Estamos implorando ao Congresso para aprovar o projeto. Isso tem que acontecer até o Natal. Isso não pode levar meses”, disse Raimondo.

    Embora o Congresso tenha aprovado a legislação no ano passado, os legisladores ainda estão trabalhando para fornecer recursos para as disposições.

    O financiamento da legislação foi aprovado no Senado dos Estados Unidos em junho, mas ainda não foi votado na Câmara.

    O problema é que, mesmo que o financiamento chegue ao Congresso, levará anos para construir e expandir totalmente novas fábricas de chips de computador.

    “Esta é uma crise agora e só vai piorar”, afirma Raimondo.

    Preços de carros novos aumentam no ritmo mais rápido desde 1970

    Os CEOs de dezenas de grandes empresas, incluindo Ford, Nvidia e Verizon, enviaram à liderança do Congresso uma carta na terça-feira (30) pedindo “ação imediata” no avanço do CHIPS for America Act para resolver a escassez de chips.

    “Infelizmente, a demanda por esses componentes essenciais ultrapassou a oferta, criando uma escassez global de chips e resultando em perda de crescimento e empregos na economia”, escreveram os CEOs.

    “A escassez expôs vulnerabilidades na cadeia de suprimentos de semicondutores e destacou a necessidade de aumento da capacidade de fabricação doméstica”.

    Nos últimos meses, Apple, Ford, General Motors e outras empresas foram forçadas a desacelerar a produção de seus produtos, em grande parte devido à escassez de chips.

    A escassez de chips contribuiu significativamente para o maior pico de inflação em três décadas nos Estados Unidos.

    Os preços dos veículos novos subiram 10,6% em outubro em relação ao ano anterior, o maior aumento em 12 meses desde 1975. E a falta de carros novos está aumentando a demanda por carros usados, cujos preços dispararam quase 32% em outubro em relação ao ano anterior.

    Trabalhadores demitidos devido à escassez de chips

    Em setembro, o Departamento de Comércio solicitou ao setor que desse ao governo federal mais informações sobre suas intrincadas cadeias de suprimentos.

    A pesquisa voluntária tem como objetivo garantir que os chips cheguem onde são necessários e aumentar a visibilidade dos gargalos potenciais. Também poderia ser usada para atrair mais investimento privado para construir novas fábricas nos Estados Unidos.

    Raimondo disse à CNN que o Departamento de Comércio recebeu mais de 150 respostas da indústria até agora, incluindo novos insights sobre pedidos de chips, estoques e gargalos. “A resposta tem sido ótima”, disse ela. “Estamos muito satisfeitos”.

    Raimondo já havia ameaçado invocar uma lei da época da Guerra Fria para obrigar as empresas a compartilhar informações se não o fizessem voluntariamente.

    Durante uma reunião em Detroit, no estado de Michigan, com fabricantes de automóveis na segunda-feira (29), a secretária disse que os executivos aplaudiram o pedido de informações.

    “Eles disseram que quando lançamos o pedido pela primeira vez, eles não gostaram, porque dá muito trabalho. Mas eles me agradeceram por fazer isso”, disse Raimondo, acrescentando que está forçando as empresas a se tornarem mais transparentes e ter um maior conhecimento sobre como elas fazem negócios. “Eu fui surpreendida”.

    A escassez de chips não está apenas aumentando os preços para as famílias americanas. Também está prejudicando os meios de subsistência dos trabalhadores das fábricas, especialmente os da indústria automobilística.

    “Todas as empresas com as quais conversamos dispensaram um número significativo de trabalhadores ou licenciaram … milhares de trabalhadores, simplesmente pela falta de semicondutores”, disse Raimondo sobre sua visita a Detroit.

    “Eles têm todos os outros estoques de que precisam, mas não conseguem os chips. Então, eles fecharam as fábricas.”

    *(Texto traduzido. Clique aqui para ler o original, em inglês)

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