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    Empresas americanas não conseguem evitar Bitcoin, e a culpa é da Tesla

    Analistas de Wall Street têm provocado executivos de outras grandes empresas sobre possíveis aquisições de bitcoin em recentes apresentações de resultados

    Paul R. La Monica, do CNN Business, em Nova York

     

    O investimento de US$ 1,5 bilhão da Tesla em bitcoins (cerca de R$ 8,05 bilhões) ajudou a legitimar a criptomoeda como um investimento, levando analistas e traders a se perguntar qual das maiores empresas do mercado de ações será a próxima a dar o mesmo passo e incluir bitcoins em seu balanço patrimonial.

    Analistas de Wall Street têm provocado executivos de outras grandes empresas sobre possíveis aquisições de bitcoin em recentes apresentações de resultados.

    No início deste mês, a CEO da GM (GM), Mary Barra, disse durante a divulgação de resultados da montadora que a GM ainda não pensa em comprar bitcoins.

     

    “Não temos planos de investir em bitcoins, ponto final”, disse ela em resposta a uma pergunta de Adam Jonas, analista automotivo do banco Morgan Stanley.

    Mas ela não descartou a possibilidade de os clientes um dia poderem comprar um Chevrolet, um Buick ou um Cadilllac com criptomoedas, assim como a Tesla está planejando permitir que os clientes usem bitcoins para comprar seus carros e caminhões elétricos.

    “Isso é algo que vamos monitorar e avaliar. Se houver uma forte demanda dos clientes no futuro, não há nada que nos impeça de fazer isso”, acrescentou Barra.

    No entanto, executivos de outras empresas, especialmente de corporações financeiras, não estão convencidos de que a bitcoin deva fazer parte de suas estratégias de gestão de caixa.

    “No momento, não estamos investindo em criptomoedas”, disse Leslie Barbi, diretora de investimentos do Reinsurance Group of America (RGA), durante uma teleconferência de resultados na semana passada.

    “Meu entendimento é que, atualmente, a contabilidade [da bitcoin] é diferente da de outras moedas e pode criar mais volatilidade”, acrescentou.

    A volatilidade é um problema. As grandes oscilações de preço provavelmente impedirão outras grandes empresas de investir em bitcoins.

    Ultimamente, os retornos têm sido enormes, é claro. Mas as empresas querem a estabilidade de seus investimentos corporativos, e não um ativo que passou de pouco mais de US$ 4 mil (cerca de R$ 21.480) para quase US$ 50 mil (aproximadamente R$ 268,5 mil) no ano passado.

    “Nós observamos as criptomoedas”, disse Christine Hurtsellers, CEO da unidade de gestão de investimentos da Voya Financial durante uma apresentação de resultados. Contudo, ela acrescentou que os fatores que causam as grandes oscilações de preço “ainda tendem a ser um pouco nebulosos”. Esta é a razão pela qual a Voya (VOYA) não vai investir por enquanto.

    Dando um ‘criptopasso’

    Outras empresas estão dispostas a aceitar o risco.

    Até agora, a Tesla (TSLA) e a empresa de software MicroStrategy (MSTR) são as duas empresas mais proeminentes a comprar bitcoins. Os gigantes de pagamento Square (SQ) e PayPal (PYPL) agora permitem que os clientes comprem e vendam bitcoins (XBT) e usem a criptomoeda para transações de comércio eletrônico. A MasterCard (MA) e o Bank of New York Mellon (BK) também estão tateando moeda digital.

    O Twitter (TWTR), que assim como a Square é comandado por Jack Dorsey, também está de olho na bitcoin e em outras criptomoedas.

    “Fizemos muitas análises com antecedência para determinar como podemos pagar funcionários ou fornecedores se eles pedirem para serem pagos em bitcoins, e se precisamos ter bitcoins em nosso balanço”, disse o CFO do Twitter Ned Segal em entrevista ao canal norte-americano CNBC depois que a empresa divulgou seus resultados na semana passada.

    O CEO da Visa (V) Al Kelly também comentou durante a última teleconferência de resultados da empresa que “existe um crescente interesse em moedas digitais”.

    No entanto, ele fez uma diferenciação entre ativos como a bitcoin e as chamadas moedas estáveis, que são subsidiadas por moedas governamentais existentes. Kelly disse que a bitcoin e outras criptomoedas são mais como “ouro digital”.

    “Elas são, em sua maioria, mantidas como ativos que não são usados como uma forma de pagamento de forma significativa neste momento”, disse Kelly, acrescentando que “moedas digitais garantidas por moeda fiduciária, incluindo moedas estáveis e moedas digitais emitidas por bancos centrais, (…) são uma inovação em termos de pagamento que podem ter o potencial para serem usadas no comércio mundial”.

    Em outras palavras, a aquisição da Tesla pode levar mais empresas a considerar a compra de bitcoins, mas é improvável que isso gere uma enorme onda de apoio.

    O maior curinga

    Alguns esperam que a Apple (AAPL), a empresa mais valiosa do mundo, seja a próxima. A Apple poderia permitir que compradores e vendedores negociassem bitcoins, e também investir diretamente na criptomoeda, assim como a Tesla.

    No início deste mês, o analista do Royal Bank of Canada (RBC), Mitch Steves, disse em uma declaração que, se a Apple decidisse criar sua própria plataforma de câmbio de criptomoedas (possivelmente através de seu aplicativo Apple Wallet), a empresa “poderia imediatamente ganhar participação de mercado e causar uma disrupção no setor”.

    Com base em quanto dinheiro a Square obtém da receita relacionada a bitcoins, Steves estima que a Apple poderia eventualmente gerar mais de US$ 40 bilhões (cerca de R$214,8 bilhões) em receitas atreladas à criptomoeda.

    O analista também comentou que a Apple poderia financiar qualquer projeto de câmbio de bitcoins ao acrescentar cerca de US$ 1 bilhão (aproximadamente R$ 5,37 bilhões) a seu balanço patrimonial, dizendo que uma compra de bitcoins pela Apple ajudaria a validar ainda mais a criptomoeda, e que “o preço do ativo subjacente iria subir de maneira substancial”.

    A Apple não apresentou publicamente nenhum plano de investir em bitcoins e não respondeu aos pedidos de comentários.

    (Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês).

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