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    Empresas aderem a movimento de empregos a refugiados ucranianos na Europa

    Pela primeira vez, estados da União Europeia concordaram em oferecer status de proteção temporária aos refugiados sem necessidade de longas burocracias

    Jeanne Sahadido CNN Business*

    As dificuldades práticas, financeiras e emocionais de ser um refugiado são insondáveis. Mas, para as milhões de pessoas que fugiram da Ucrânia desde a invasão da Rússia, um obstáculo pode ser um pouco mais fácil de enfrentar nos próximos meses: trabalhar.

    Empresas e organizações de todo o mundo estão criando quadros de empregos online gratuitos e outros recursos de contratação e treinamento para conectar ucranianos que procuram trabalho com empregadores que desejam contratá-los.

    E pela primeira vez, os estados da União Europeia concordaram em oferecer status de proteção temporária aos refugiados ucranianos, o que significa que eles podem viver, estudar e trabalhar nesses países sem a burocracia e os longos tempos de processamento que os refugiados normalmente enfrentam.

    Em relação a outras crises de refugiados, esse tipo de apoio rápido a empregos não tem precedentes, disse Stefan Lehmeier, vice-diretor regional de programas europeus do Comitê Internacional de Resgate.

    “Refugiados ucranianos não precisam passar por tantos obstáculos.”

    Uma manifestação de apoio

    Outra coisa que funciona a favor dos ucranianos caso permaneçam e trabalhem na UE – especialmente em países de língua eslava – é que eles provavelmente terão mais facilidade em se adaptar à cultura e ao idioma do que refugiados de outros lugares.

    “Os ucranianos fazem parte da força de trabalho do Leste Europeu há muito tempo. Eles são uma força de trabalho muito atraente e qualificada”, disse Jonas Prising, CEO da empresa internacional de recursos humanos Manpower, que está criando empregos em língua ucraniana específicos para cada país.

    Também não faz mal que os empregadores tenham lutado para encontrar trabalhadores em um mercado de trabalho apertado.

    A Manpower descobriu que os empregadores estão mais dispostos a contratar pessoas que podem não ter todas as habilidades necessárias para um trabalho, mas que podem ser treinadas.

    Isso se aplica particularmente às mulheres ucranianas, que, junto com as crianças, constituem a grande maioria dos ucranianos que fogem da guerra.

    “A flexibilidade deles em aceitar trabalhadores não qualificados ou não perfeitamente qualificados é muito maior em relação às mulheres refugiadas ucranianas”, disse Prizing.

    Muitos refugiados ainda não estão necessariamente procurando por posições permanentes, porque ainda há esperança de que a guerra na Ucrânia não seja longa, disse Prizing. Se esse não for o caso, “seremos uma parte ativa da solução à medida que eles se reassentarem”.

    A Manpower e duas outras empresas internacionais de recrutamento, Randstad e Adecco, estão entre os quase 50 empregadores que assinaram o compromisso Tent Partnership for Refugees de fornecer apoio de curto e longo prazo aos ucranianos deslocados.

    A Adecco também criou um portal de empregos gratuito em ucraniano e inglês para refugiados e empregadores.

    Poucos dias após o lançamento, houve 1.000 candidatos e 500 empregadores que se inscreveram, disse Jerick Develle, vice-presidente sênior da Adecco responsável pela resposta a crises.

    Esses empregadores vão desde grandes multinacionais até um pequeno restaurante independente na França, disse Develle.

    E os tipos de empregos oferecidos incluem os de administração, hospitalidade e saúde – com solicitações específicas para enfermeiros, mas há uma questão de saber se as licenças de enfermagem ucranianas serão reconhecidas em vários países.

    A Randstad tem fornecido apoio financeiro direto, cuidados de saúde mental e oportunidades de emprego para as famílias em fuga de seus 3.000 funcionários ucranianos que já estão na Polônia, disse um porta-voz da empresa por e-mail.

    E, observou ela, “nos comprometemos a apoiar diretamente mais 1.500 pessoas que buscam refúgio na Polônia, ajudando-as a encontrar oportunidades de emprego, além de oferecer apoio material, cobrindo os custos de acomodação, creche e requalificação, conforme necessário”.

    Mais amplamente, a Randstad lançou recentemente uma edição ucraniana de seu portal de empregos, com links para seus sites de empregos específicos de cada país escritos em ucraniano para refugiados que desembarcaram na Bélgica, República Tcheca, Alemanha, Polônia, Portugal e Espanha.

    Um site de empregos dedicado a ajudar ucranianos

    Aqueles que procuram empregos em tecnologia, marketing e outros trabalhos remotos podem encontrar oportunidades no RemoteUkraine.org, uma plataforma de empregos gratuita criada por Iman Fadaei, fundador do provedor de software de correspondência de empregos TalentPools, e Igor Omelchenko, diretor de tecnologia da empresa.

    O site foi lançado no final de fevereiro e desde então tem sido usado por 1.265 empregadores em 67 países e por 1.573 ucranianos deslocados, disse Fadaei. E ele está convidando qualquer pessoa a postar vagas abertas de qualquer local, sem nenhum custo.

    “Deixe-nos republicar seu trabalho em nossa plataforma para alcançar nossa comunidade e candidatos interessados se inscreverão em sua plataforma”, disse Fadaei.

    Omelchenko, que está morando na Ucrânia e não pode deixar o país caso seja chamado para lutar, tem trabalhado diretamente de sua banheira, onde, junto com esposa e gato, se refugiaram quando sirenes de ataque aéreo disparam.

    Essas sirenes ocorrem quatro ou cinco vezes por dia, disse ele, e cada uma dura de 20 minutos a várias horas.

    Quando perguntado como os refugiados estão ouvindo sobre RemoteUkraine.org, ele disse que é principalmente por meio de suas redes pessoais e em mídias sociais como o Facebook.

    Mais fácil, mas não necessariamente fácil

    Apesar da manifestação de apoio, ainda pode não ser fácil para muitos refugiados ucranianos começarem a trabalhar, mesmo que encontrem um emprego que seja adequado para eles, disse Lehmeier.

    Para começar, muitos dos refugiados são mulheres com filhos cujos maridos ou parceiros ficaram na Ucrânia.

    Portanto, não podem trabalhar até que tenham uma creche – e isso não é apenas babá ou creche, mas escolas e centros de aprendizado de desenvolvimento para que seus filhos possam ser educados, observou ele.

    Em segundo lugar, embora todos os 27 estados da UE tenham aprovado a oferta de status de proteção temporária aos refugiados ucranianos, cada estado está criando seus próprios processos administrativos e há confusão sobre como cada um deles funcionará.

    Esses processos não apenas darão aos refugiados o direito de trabalhar, mas também fornecerão acesso a subsídios da rede de segurança social para viver e escolas para seus filhos.

    “Nem os ucranianos nem as autoridades locais sabem ainda o que isso significa na prática”, disse Lehmeier.

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