Em relatório, Inter revisa permanência de inflação e juros altos em 2023
Instituição diz que elevação do risco fiscal deve manter política monetária restritiva até o início do 2º semestre do ano que vem
A elevação do risco fiscal deve manter a inflação em alta por mais tempo, próxima de 5% em 2023, assim como a política monetária que também deve ser mantida em níveis mais elevados por mais tempo, até o início do 2º semestre de 2023, de acordo com relatório publicado na quarta-feira (14), pelo Inter.
Além da inflação, o documento também revisou a expectativa para a taxa de juros no Brasil no próximo ano. “Revisamos nossa expectativa de Selic para o final do ano de 9,5% para 12%, com expectativa de inflação em alta e risco de nova expansão fiscal”, diz o relatório.
A instituição projeta ainda um crescimento real de gastos públicos de 6% em 2023, prevendo um déficit primário de 1,2% no próximo ano com crescimento da dívida de 74% para 79% do Produto Interno Bruto (PIB).
Na avaliação do Inter, a política monetária mais restritiva deve contrabalancear a piora fiscal, desacelerando mais a atividade econômica. “O crescimento do PIB deverá passar de 3% em 2022 para 0,5% em 2023, com risco de recessão no primeiro semestre do ano”.
Um dos principais riscos para o próximo ano apontado pelo relatório é a proposta de expansão de gastos fiscais trazida na PEC do Estouro, podendo elevar a trajetória da dívida pública.
O Inter afirma que o controle de gastos foi importante para o ajuste observado nos últimos anos, ainda que gastos adicionais durante a pandemia foram feitos. “A carga tributária elevada é um impeditivo para um novo ajuste via aumento de impostos”, alerta o banco.
Sobre o emprego, a análise é de que o “bom desempenho da economia resultou em forte alta do mercado de trabalho”, com a taxa de desemprego atingindo a
mínima desde 2014, em 8,3%. Nesse contexto, a instituição espera uma leve alta em 2023, para cerca de 8,5%.
“Depois de passado o impacto da inflação, o rendimento real médio voltou a recuperar e deve sustentar o consumo em 2023, apesar dos juros mais restritivos”.