Em mensagem, Guedes compara pressão por reajustes salariais a desastre de Brumadinho
Além da Receita Federal, outras entidades do serviço público programam para janeiro paralisação em busca de reajustes salariais
O ministro da Economia, Paulo Guedes, enviou no último final de semana mensagem ao presidente Jair Bolsonaro na qual comparou a concessão de reajustes salariais aos servidores públicos, neste momento, ao rompimento da barragem em Brumadinho, em 2019.
A mensagem, também repassada a auxiliares presidenciais e integrantes da equipe econômica, salienta que a concessão dos aumentos salariais, neste momento, pode criar pequenos vazamentos na economia brasileira, levando-a à explosão.
“É Brumadinho: pequenos vazamentos sucessivos até explodir barragem e morrerem todos na lama”, ressaltou em trecho da mensagem obtida pela CNN Brasil.
Na segunda-feira (7), servidores da Receita Federal iniciaram greve nacional após o governo federal ter incluído na proposta orçamentária de 2022 a previsão de reajuste apenas para agentes de segurança, em um montante de R$ 1,7 bilhão.
“Custos da guerra”
Além da Receita Federal, outras entidades do serviço público também programam paralisação, em janeiro, em busca de reajustes salariais, no que pode ser, segundo integrantes das associações, a maior paralisação no serviço público dos últimos nove anos.
Na mensagem de Guedes, o ministro ressalta, ainda, que pedir reajuste salarial neste momento, em meio à pandemia do coronavírus, “é se recusar a compartilhar os custos da guerra”.
“Não podem transformar o esforço de guerra de uma geração em farra eleitoral”, disse. “Somos uma geração que já pagou pela guerra da pandemia”, acrescentou.
Segundo o ministro, a concessão neste momento seria “irresponsabilidade fiscal e falta de compromisso com futuras gerações”. Ele também alertou que uma série de reajustes salariais deve pressionar ainda mais os índices inflacionários.
O ministro acrescentou que a aprovação da reforma administrativa, com dificuldades de tramitação no Congresso Nacional, ajudaria na reestruturação das carreiras públicas dos segmentos descontentes.
“A reforma administrativa corta R$ 30 bilhões por ano e poderia aumentar 10% dos salários do funcionalismo”, ressaltou.