Em ano de retomada, setor de moda praia espera crescimento de apenas 1%
Inflação encarece matéria-prima e verão chuvoso pode desestimular consumidores
Apesar de o verão ser um dos períodos mais importantes para o setor de moda praia, a expectativa para esta temporada não é de recuperação econômica.
Com a inflação encarecendo as principais matérias-primas e a previsão de um verão mais chuvoso, a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) estima um crescimento de apenas 1% no lucro em relação ao verão 2020/2021, movimentando cerca de R$ 11 bilhões na temporada, que para os fabricantes começou em setembro de 2021 e vai até março deste ano.
Em 2020, ano do início da pandemia, o setor registrou uma queda de 6% em relação a 2019. Em 2021, parte do faturamento foi recuperado principalmente no último trimestre do ano.
Com as praias abertas e as medidas de flexibilização por todo o país, a expectativa da Abit é chegar mais perto do patamar pré-pandemia em 2022.
“Levando em conta esse período de Covid, não é um resultado necessariamente ruim. Mas também não é muito bom, é modesto. Depois de dois anos, o faturamento nominal está quase no mesmo patamar. É razoável”, avaliou Fernando Pimentel, presidente da entidade.
As preocupações do mercado, além do novo avanço da Covid-19 pelo país, concentram-se no preço das matérias-primas e nas questões climáticas. A inflação encareceu produtos fundamentais no setor, como o poliéster, elastano, corantes e algodão. Já a temperatura e os dias de chuva podem influenciar no comportamento do consumidor, que vai pensar duas vezes antes de investir em biquínis, sungas, cangas ou outras peças do gênero.
“Só o algodão, que é um dos principais, aumentou em 50%, isso é repassado no preço final, acaba ficando mais caro. Outro ponto é, se você tem um verão chuvoso ou com temperaturas mais baixas do que o esperado, quem vai comprar acaba ficando desmotivado. Se você tem sol, calor, a pessoa já pensa em comprar pelo menos uma peça”, avaliou Pimentel.
Segundo as previsões da Climatempo, o verão em 2022 terá um calor mais brando do que o usual por conta do fenômeno La Niña. A plataforma destaca que a sequência de dias quentes será interrompida com frequência pela passagem das frentes frias e a entrada de ar frio de origem polar.
“O La Niña terá impactos negativos sobre a chuva das Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, reduzindo a quantidade de chuva durante a estação. As regiões Norte e Nordeste serão as mais beneficiadas com o La Niña, pois o fenômeno aumenta a chuva nestas Regiões”, indica o Climatempo.
*sob supervisão de Pauline Almeida