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    Elon Musk: como bilionário pode usar nova influência para prejudicar seus rivais

    Com sua posição de “primeiro amigo”, alguns temem que ele possa usar poder do governo dos EUA para beneficiar suas próprias empresas e prejudicar seus concorrentes

    Hadas GoldClare Duffyda CNN

    Elon Musk sempre foi conhecido por seu espírito competitivo — e por sua lista de rivais.

    Ele desafiou Mark Zuckerberg, da Meta, para uma luta em jaula. Chamou Jeff Bezos, da Amazon e Blue Origin, de “copiador”. E recentemente processou Sam Altman, da OpenAI.

    Até agora, essas rivalidades eram apenas empresariais ou pessoais entre alguns dos indivíduos mais ricos e bem-sucedidos do mundo. Mas, com a nova influência de Musk no governo Trump e sua posição de “primeiro amigo”, alguns temem que ele possa usar o poder do governo para beneficiar suas próprias empresas e prejudicar seus concorrentes. Isso poderia ocorrer por meio do início ou arquivamento de investigações governamentais, criação ou flexibilização de regulamentações e concessão de contratos públicos que favoreçam os negócios de Musk.

    “O governo federal tem um conjunto de ferramentas à sua disposição, e a questão é: o uso dessas ferramentas será regido por padrões objetivos, regulamentações e leis, ou estará sujeito aos impulsos materiais do presidente ou de Elon Musk?”, disse um especialista em direito e tecnologia, que pediu anonimato para evitar represálias de Musk. “Se tudo o que for necessário for Musk dizer ‘Ei, DOJ (Departamento de Justiça dos EUA) deveria investigar isso’, isso causará muitos problemas.”

    Representantes de Musk não responderam aos pedidos de comentário da CNN.

    Jeff Bezos

    Bezos e Musk frequentemente competem pelo título de pessoa mais rica do mundo, mas também são rivais no setor espacial.

    As empresas SpaceX, de Musk, e Blue Origin, de Bezos, disputam contratos governamentais. Com Musk agora alinhado à administração Trump, há preocupações de que ele use essa influência para reforçar a posição dominante da SpaceX como contratada do governo.

    Além disso, o projeto Kuiper da Amazon compete com o Starlink da SpaceX no mercado de sistemas de satélites de órbita baixa. Esses sistemas exigem autorizações regulatórias e de lançamento, e a Amazon planeja colocar cerca de 3.200 satélites em órbita terrestre baixa.

    Jim Cantrell, ex-executivo da SpaceX e atual diretor da Phantom Space Corporation, acredita que a rivalidade entre Musk e Bezos é “muito mais pessoal do que qualquer coisa que deva preocupar os outros”.

    Segundo ele, Musk defenderá mudanças que beneficiem suas empresas, mas que também favorecerão concorrentes. “Uma maré crescente levanta todos os barcos”, disse Cantrell, argumentando que o impulso de Musk pela comercialização do setor espacial e pela redução de regulações acabará ajudando os melhores concorrentes — o que, coincidentemente, inclui suas próprias empresas.

    Cantrell ainda afirmou que a Blue Origin deveria se preocupar mais com seu desempenho do que com a influência de Musk no governo Trump. A empresa não respondeu aos pedidos de comentário.

    Bezos, por sua vez, declarou em um evento do New York Times que não está preocupado com Musk em Washington. “Acredito que ele não usará seu poder político para beneficiar suas empresas ou prejudicar os concorrentes”, disse.

    Sam Altman

    A disputa entre Musk e Altman remonta à fundação da OpenAI, em 2015, da qual Musk foi cofundador. Musk processou a OpenAI em fevereiro, alegando que a empresa abandonou sua missão original de ser sem fins lucrativos. Ele reabriu o caso em agosto, alegando que a empresa está se comercializando de forma indevida.

    Musk poderia usar sua conexão com o governo Trump para favorecer empresas de IA “open source”, como sua xAI, em detrimento da OpenAI e da Microsoft, parceira da OpenAI.

    Altman, porém, minimizou as preocupações. “Acredito firmemente que Elon fará o certo. Usar poder político para prejudicar concorrentes seria profundamente antiamericano”, disse.

    Mark Zuckerberg

    A relação entre Musk e Zuckerberg também é marcada por atritos. O ponto alto da rivalidade foi a discussão pública sobre uma possível luta entre os dois, que acabou abandonada.

    No entanto, Zuckerberg tem buscado aproximação com Trump, declarando interesse em ajudar a moldar políticas de tecnologia na nova administração. Por outro lado, a Meta enfrenta pressão de órgãos como a FCC, cujo presidente indicado por Trump, Brendan Carr, tem um relacionamento próximo com Musk e prometeu combater o que chama de “cartel de censura” nas mídias sociais.

    Concorrentes da Tesla

    A Tesla, de Musk, já domina o mercado de veículos elétricos e pode ser ainda mais beneficiada por sua ligação com o governo. Investigações sobre a segurança dos sistemas de direção autônoma da Tesla poderiam ser encerradas, enquanto programas de apoio a concorrentes poderiam ser revertidos.

    Resta saber quanto tempo a relação de Musk com Trump se manterá estável. Até lá, Musk afirmou que continuará respondendo a argumentos bem fundamentados em sua plataforma, X. “Qualquer oferta de dinheiro, poder ou ameaças será obviamente inútil e ineficaz”, escreveu.

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