“Efeito Trump” prejudicou moedas emergentes, diz estrategista-chefe da Avenue
William Castro Alves analisa fatores internos e externos que influenciam a valorização do dólar frente ao real e discute efeitos das políticas do republicano
O estrategista-chefe da Avenue, William Castro Alves, comentou sobre a recente oscilação do dólar em entrevista ao CNN Money. Alves destacou que a moeda americana atingiu níveis recordes, refletindo uma desvalorização de cerca de 25% do real neste ano.
Segundo o especialista, dois vetores principais influenciam esse movimento: fatores externos e internos.
No cenário externo, a partir de setembro, observou-se uma valorização do índice dólar, em parte devido ao chamado “Trump Trade” – expectativas de juros mais altos nos EUA para controlar uma possível inflação decorrente de tarifas propostas pelo republicano.
Fatores internos pesam mais
Alves enfatizou que os problemas internos do Brasil têm sido mais determinantes. A revisão do arcabouço fiscal em abril, com a promulgação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025, marcou o início de um descolamento significativo do real em relação a outras moedas.
A decepção com o recente pacote de corte de gastos também contribuiu para a continuidade da trajetória de alta do dólar.
O economista observou que, nos últimos dez anos, o dólar se valorizou em média 10% ao ano contra o real, sugerindo que o movimento atual, embora acentuado, não está totalmente fora dos padrões históricos.
Impacto das políticas de Trump
Quanto às políticas protecionistas de Donald Trump, Alves considera que as ameaças de tarifas, como a recente menção a uma taxa de 100% para países do BRICS, são mais uma tática de negociação do que uma política concreta.
Ele argumenta que tais medidas seriam pouco práticas, especialmente considerando a pauta exportadora brasileira para os EUA.
O estrategista também comentou sobre a possibilidade do euro atingir a paridade com o dólar em 2025, atribuindo isso não apenas às políticas de Trump, mas principalmente às dificuldades econômicas intrínsecas da Europa.
Para o Brasil, Alves acredita que o país não está no topo das prioridades de Trump, o que pode ser benéfico. No entanto, alertou que o país pode ser afetado indiretamente pela atração de capital para os EUA devido a juros mais elevados e um dólar mais forte.