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    Para economistas, Appy e Galípolo são técnicos, enquanto Mercadante surpreende

    Nesta terça, Haddad formalizou os nomes de Gabriel Galípolo e Bernard Appy para ocupar cargos no ministério da Fazenda; Lula anunciou Mercadante para chefiar o BNDES

    Pedro Zanattado CNN Brasil Business , em São Paulo

    Entre os nomes anunciados nesta terça-feira (13) para integrar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o de Aloízio Mercadante para a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foi o único que causou surpresa entre os especialistas ouvidos pela CNN. Para eles, o primeiro escalão do ministério da Fazenda indicado pelo futuro ministro Fernando Haddad eram esperados.

    Haddad formalizou os economistas Gabriel Galípolo e Bernard Appy para ocupar os cargos de secretário-geral e secretario especial para a reforma tributária do ministério da Fazenda, respectivamente.

    Para o ex-diretor do Banco Central, Tony Volpon, apesar de nomes técnicos, ainda falta “a tal equipe plural que Haddad mencionou”.

    “Temos que saber os outros nomes. Tesouro, Planejamento… faltam muitos nomes para julgarmos o conjunto da obra. Os anunciados até agora são ligados ao PT. Mercadante veio como surpresa, não tanto por estar no governo, mas sim no BNDES, muitos pensavam que ele teria um cargo politico”, disse.

    Volpon considerou a indicação de Appy como positiva por ser um nome técnico e uma sinalização para a reforma tributária. O especialista lembrou que Appy foi um dos responsáveis pela elaboração da PEC 45, que trata da reforma tributária e está atualmente em tramitação no Congresso.

    Sobre Gabriel Galípolo, o economista-chefe do banco Master, Paulo Gala, avalia que o economista parece ter um perfil técnico e que possui experiência com políticas de concessões e parcerias público-privadas (PPPs).

    Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, também viu como positiva a escolha de Appy e chamou a atenção para a falta de um nome relevante para a área da política fiscal.

    “Não há ainda um nome relevante para a área fiscal, para montar a estratégia da regra fiscal como tivemos em 2003 com Marcos Lisboa, por exemplo. O nome na Secretaria de Política Econômica será importante e vai precisar ser alguém do calibre do Lisboa para compensar o estrago que foi feito até agora com a PEC da Transição”, disse.

    Vale considerou Mercadante  como o “contraponto” dos anúncios desta terça por, segundo ele, “não estar clara qual será a política de empréstimos do banco”.

    “Esse foi o contraponto hoje. Com um cenário para o BNDES bastante nebuloso olhando para frente. Há muito risco sobre o que será o banco e também o BB e a Caixa nos próximos anos”, disse Vale.

    De acordo com informações do analista de Economia da CNN Fernando Nakagawa, Mercadante terá o controle de uma máquina de empréstimos à frente do BNDES. Potencialmente, o total de novos empréstimos do banco de fomento pode facilmente chegar a quase três vezes o montante da PEC do Estouro.

    Murilo Viana, especialista em Finanças Públicas explica que o receio por parte do mercado se dá pela expectativa de que o banco volte a adotar políticas agressivas de financiamento usando créditos subsidiados, gerando distorção do mercado de financiamentos e a política monetária do Banco Central para controlar a inflação perderia eficiência.

    Perfis

    Bernard Appy é o autor de uma das propostas de reforma tributária que aguardam análise atualmente no Congresso, e que propõe a unificação e simplificação dos impostos sobre o consumo.

    Ele já ocupou a secretaria de Política Econômica na Fazenda durante os primeiros governos de Lula, além de ter sido também secretário executivo da pasta entre 2003 e 2009.

    Gabriel Galípolo foi presidente do banco Fator e hoje tem uma consultoria financeira. Também é conselheiro da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, a Fiesp.

    No passado, trabalhou na Secretaria Estadual de Economia e Planejamento quando José Serra era governador de São Paulo. É próximo também a Luiz Gonzaga Beluzzo, um dos economistas próximos ao PT.

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