“É difícil justificar as prioridades definidas no Orçamento”, diz economista
O especialista em contas públicas Murilo Viana apontou, em entrevista à CNN, falta de fundamentação na distribuição de recursos, como o fundo eleitoral e emendas do relator
A lei orçamentária aprovada pelo Congresso Nacional nesta terça-feira (21) prevê gastos que poderiam ser menores, além de apresentar poucos investimentos em 2022, no entendimento de Murilo Viana, especialista em contas públicas.
Ouvido pela CNN Rádio, o economista lembrou que as previsões de crescimento para o ano que vem já estão pequenas e alega que a situação se agrava a partir da programação de aplicação dos recursos públicos, que ele considera baixa.
“A gente tem somente R$ 48 bilhões destinados a investimento, sendo que o Ministério da Defesa vai ter mais orçamento de investimento do que Educação e Saúde de forma conjunta”, aponta Viana. “É um pouco difícil de justificar isso numa situação em que nós estamos.”
Outro exemplo apontado foi o aumento de gastos com o fundo eleitoral, que quase triplicou de 2018 para 2022.
“O valor de R$ 4,9 bilhões é muito alto, especialmente num país que está saindo de uma crise profunda”, argumenta o especialista em contas públicas. “Ano que vem, temos um cenário de crescimento pífio, desigualdade aumentando e um desemprego muito elevado.”
O economista avalia que o Orçamento aprovado pelo Congresso concretiza uma previsão que já vinha sendo desenhada desde a aprovação da PEC dos Precatórios, que elevou o teto de gastos.
Murilo Viana afirma que o Congresso abriu um espaço superior ao necessário para o pagamento do Auxílio Brasil, e lamenta que boa parte do orçamento ainda vai ser preenchida pelo pagamento de emendas do relator, que o economista considera pouco transparentes.
Viana afirma que a limitação de gastos imposta pelo teto acaba sendo contornada por categorias que têm uma melhor relação com o Congresso, já que que o texto aprovado abre espaço para concessão de reajuste para policiais, mas não para outros servidores.