Dilma quer Banco dos Brics, dizem aliados
Segundo relatos feitos à CNN, Troyjo poderia deixar o posto e ocupar uma função na gestão de Tarcísio Freitas, em São Paulo
A ex-presidente Dilma Rousseff indicou a integrantes do governo federal que tem interesse em assumir o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), instituição financeira dos Brics — grupo de países formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Segundo relatos feitos à CNN, a petista tem tratado do assunto com aliados próximos, entre eles especialistas no país asiático, e tem consumido conteúdo relacionado à história e ao desenvolvimento econômico da China, tema sobre o qual sempre demonstrou interesse.
A sede do banco fica em Xangai. Os aliados da petista lembram que a instituição financeira foi criada em 2015, durante o seu governo, e que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já sondou Dilma sobre a possibilidade de ela ocupar um posto em organismo internacional.
A expectativa é de que Dilma acompanhe Lula em viagem a Pequim, programada para março. A estratégia seria de transformar a presença da ex-presidente em mais um elemento de pressão pela mudança no comando do Banco dos Brics.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já conversou com o ex-diplomata Marcos Troyjo, que atualmente ocupa a presidência do banco. Segundo relatos feitos à CNN, Troyjo poderia deixar o posto e ocupar uma função na gestão de Tarcísio Freiras, em São Paulo.
Uma das críticas feitas ao atual dirigente do NDB (sigla em inglês) é que ele praticamente não esteve na sede do banco no ano passado e foi incapaz de reverter o fluxo de desembolsos da instituição.
Entre os cinco países dos Brics, o Brasil tem sido um dos menores receptores de recursos e Haddad acredita que ele pode desempenhar um papel mais relevante no financiamento da infraestrutura brasileira.
Troyjo assumiu em maio de 2020 o comando da instituição e tem mandato até 2025. Ex-secretário especial de Comércio Exterior do Ministério da Economia, sob o comando de Paulo Guedes, ele tem sido rotulado como bolsonarista pelo governo Lula.As participações de Troyjo na imprensa antes de assumir um cargo no governo Bolsonaro, como ex-comentarista da Rádio Jovem Pan e ex-colunista do jornal Folha de S. Paulo, foram resgatadas nas últimas semanas por pessoas próximas de Lula como uma forma de lembrar que ele tinha forte discurso antipetista.
Procurada pela CNN, a assessoria de imprensa de Dilma disse que a possibilidade de ela ocupar a função trata-se de uma especulação.