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    Dilma deve assumir banco dos Brics com reforço no diálogo com Putin e Xi Jinping

    Sua indicação deve ser aprovada no dia 25 de março; o fato de uma ex-presidente assumir o banco dos Brics dá peso à instituição, segundo fontes

    Priscila Yazbekda CNN , em Paris

    Após a saída de Marcos Troyjo do banco dos Brics, no dia 24 de março, a ex-presidente Dilma Rousseff deve ser aprovada como nova líder da instituição no dia seguinte, 25 de março. O Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) é a instituição financeira dos Brics, bloco composto por África do Sul, Brasil, China, Índia e Rússia.

    A cerimônia de oficialização de Dilma no cargo, com a presença da ex-presidente e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, deve acontecer na sede da instituição, em Shangai, no dia 30, durante a viagem da comitiva brasileira à China.

    Fontes do NBD afirmam que a aprovação do dia 25, por parte dos governadores do banco, é uma etapa mais administrativa do processo de transição. E no dia 30 acontece a etapa mais protocolar, de oficialização de Dilma no cargo.

    A ex-presidente participou de audiências virtuais com os ministros da Economia ao longo dos últimos dias, como parte do rito de aprovação da sua indicação. Segundo a assessoria de Dilma, ela se reuniu com os ministros da China e da Rússia na quinta-feira (2) e na sexta-feira (3). E com os ministros da índia e África do Sul na segunda (6) e terça (7).

    Bem recebida

    Tanto fontes do governo Lula, quanto pessoas que trabalham no NBD e não são aliadas aos petistas, afirmam que Dilma foi muito bem recebida nas reuniões e há uma expectativa positiva sobre a atuação da ex-presidente no cargo.

    Todos relatam a mesma percepção: o fato de Dilma ser uma ex-presidente e muito próxima a Lula, abre um canal direto de diálogo com os presidentes chinês, Xi Jinping, e russo, Vladimir Putin. Esse acesso facilitado deve fortalecer a importância do banco, sobretudo diante dos impasses trazidos para a atuação do bloco pelo fato de um de seus membros, a Rússia, estar em meio a uma guerra.

    Uma pessoa com conhecimento do assunto diz que ela tem fácil acesso a pelo menos quatro dos cinco chefes de Estado e isso “não tem preço” para qualquer organismo multilateral.

    O fato de Dilma ter sido uma das fundadoras do banco, em 2014, e ter experiência à frente de programas de infraestrutura também tornam a ex-presidente “aderente ao mandato do banco”, dizem as fontes.

    A indicação de Dilma soluciona uma questão política interna do governo petista, porque garante um posto de peso à ex-presidente, que não foi indicada a ministérios por causa da rejeição popular interna. A visão é de que Dilma não tem lá fora a rejeição que tem dentro do país.

    Ao mesmo tempo, a indicação da ex-presidente reforça o objetivo de Lula de fortalecer a aliança do Brasil com países do Sul global e, assim, reduzir a dependência de financiamentos de instituições como Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional (FMI).

    Dentro do governo, há uma visão de que esses organismos exigem contrapartidas aos empréstimos, como privatizações, que atendem aos interesses dos países ricos – seus principais financiadores – e não condizem com a realidade dos emergentes.

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