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    Deutsche Bank é o primeiro grande banco a prever recessão nos EUA

    Economistas da instituição alemã esperam aperto mais agressivo da política monetária do Fed para conter a escalada na inflação

    Matt Egando CNN Business em Nova York

    A luta do Federal Reserve contra a inflação provocará uma recessão nos Estados Unidos que começará no final do próximo ano, alertou o Deutsche Bank na última terça-feira (5).

    O alarme de recessão – o primeiro vindo de um grande banco – reflete a crescente preocupação de que o Fed irá frear a economia com tanta força que acabará, inadvertidamente, com a recuperação que começou há apenas dois anos.

    “Não vemos mais o Fed conseguindo um pouso suave. Em vez disso, prevemos que um aperto mais agressivo da política monetária levará a economia a uma recessão”, escreveram no relatório economistas do Deutsche Bank liderados por Matthew Luzzetti.

    Essa previsão é impulsionada pela inflação em brasa, com os preços ao consumidor subindo no ritmo mais rápido em 40 anos.

    As esperanças de que a inflação esfriasse rapidamente foram frustradas, em parte por causa da guerra na Ucrânia.

    As pressões inflacionárias se ampliaram, aumentando a preocupação de que o Fed terá que aumentar rapidamente as taxas de juros para manter os preços sob controle.

    O Deutsche Bank apontou como os preços das commodities de energia e alimentos dispararam desde que a Rússia invadiu a Ucrânia. “Agora está claro que a estabilidade de preços provavelmente só será alcançada por meio de uma postura de política monetária restritiva que prejudique significativamente a demanda”, escreveram os economistas do Deutsche Bank.

    Em outras palavras, o Fed não pode simplesmente pisar no freio da economia. Precisa realmente desacelerar a economia.

    A diretora do Fed, Lael Brainard, disse na terça-feira que o BC norte-americano precisará encolher “rapidamente” seu balanço patrimonial e “metodicamente” aumentar as taxas de juros para esfriar a inflação.

    “É de suma importância reduzir a inflação”, disse Brainard em discurso.

    Recessão ‘leve’ e 5% de desemprego

    Embora o Deutsche Bank tenha alertado que há “considerável incerteza” em torno do momento exato e do tamanho da desaceleração, agora prevê que a economia dos EUA encolha entre o último trimestre do próximo ano e o primeiro trimestre de 2024, “consistente com uma recessão durante esse período”.

    A boa notícia é que o Deutsche Bank não está prevendo uma recessão profunda e dolorosa como as duas últimas.

    Em vez disso, o banco espera uma “recessão leve”, com o desemprego atingindo um pico acima de 5% em 2024. Isso ainda se traduziria em demissões consideráveis. Durante a Grande Recessão, o desemprego atingiu níveis muito mais altos de 14,7% em 2020 e 10% em 2009.

    Esta próxima recessão permitiria que a inflação voltasse à meta do Fed até o final de 2024, disse o Deutsche Bank.

    “Com a taxa de desemprego recuando apenas lentamente após o pico, a inflação deve continuar moderada, caindo para o objetivo de 2% do Fed em 2025”, disse o Deutsche Bank.

    Dimon vê uma desaceleração que ‘pode piorar facilmente’

    Outros alertaram recentemente para uma probabilidade crescente de recessão, embora na maioria tenham parado de prever uma desaceleração total.

    Há pelo menos uma chance em três de uma recessão nos próximos 12 meses, disse o economista-chefe da Moody’s Analytics, Mark Zandi, à CNN americana no final do mês passado.

    “Os riscos de recessão são desconfortavelmente altos – e estão subindo”, disse Zandi.

    O Goldman Sachs também disse que as chances de recessão chegaram a 35%.

    “A guerra na Ucrânia e as sanções à Rússia, no mínimo, vão desacelerar a economia global – e pode facilmente piorar”, escreveu o CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, em sua carta anual aos acionistas na segunda-feira, lembrando que o embargo de petróleo de 1973 fez com que preços da energia disparassem e levassem o mundo à recessão.

    O presidente do Fed, Jerome Powell, por outro lado, apontou em um discurso no mês passado que houve casos no passado em que o Fed conseguiu um pouso suave: combater a inflação aumentando as taxas sem causar uma recessão.

    Powell apontou 1965, 1984 e 1994 como exemplos.

    No entanto, o chefe do Fed também admitiu que não há garantia de que será capaz de realizar esse feito desta vez.

    “Ninguém espera que um pouso suave seja algo simples no contexto atual”, disse Powell, “pouquíssimas coisas são simples no contexto atual”.

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