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    Despesas com importação de energia elétrica crescem 63,7% de janeiro a outubro

    Ao todo, foram investidos R$ 2,045 bilhões em dez meses

    Bruna Ostermannda CNN

    As despesas com importação de energia elétrica cresceram 63,78% entre janeiro e outubro deste ano em comparação com o mesmo período de 2020, segundo dados do Ministério da Economia. Ao todo, foram investidos R$ 2,045 bilhões em dez meses.

    O país alcançou o maior investimento em importação de energia desde 1997, quando houve o primeiro registro de aquisição desse insumo pelo governo. O principal motivo é a pior crise hídrica dos últimos 91 anos.

    Normalmente, o Brasil costuma comprar o insumo do Paraguai, com quem tem um acordo de preferência na aquisição de energia não utilizada pela nação vizinha, produzida na usina binacional de Itaipu. No entanto, a estiagem prejudicou também o Paraguai e, por isso, houve redução de 11% nos gastos com energia produzida lá.

    O Brasil importou então da Argentina e do Uruguai. O investimento em energia produzida pela Argentina cresceu 76 vezes em comparação com 2020, e 38 vezes pelo Uruguai.

    De acordo com o secretário de energia elétrica do Ministério de Minas e Energia Christiano Vieira, dois fatos impactam os números entre 2021 e o ano anterior. O primeiro é a falta de chuva. “Nós tivemos o pior período úmido porque, normalmente, começa em novembro, mas começou em dezembro, e termina em abril, mas acabou em março”, explica sobre a escassez de chuva.

    O segundo é que 2020 foi um ano com menos demanda por energia elétrica. “Ano passado teve um forte impacto da pandemia e a carga reduziu”, conclui.

    Segundo o secretário, o sistema funciona pela lógica da operação de mínimo custo. Ou seja, primeiro são acionadas medidas mais baratas para, conforme a necessidade, ir demandando as mais caras, como a importação e uso de usinas térmicas.

    Com escassez de água nas hidrelétricas foi preciso abrir uma exceção a longo prazo. Normalmente, se importa energia elétrica quando o investimento é menor do que o de manter as termelétricas ligadas. Eventualmente, em situações pontuais que duram uma ou duas semanas por ano, se mantém os dois fornecimentos. No entanto, em 2021 foi preciso autorizar os dois métodos simultaneamente por meses.

    A falta de chuva impactou especialmente as hidrelétricas do Sudeste e do Centro-Oeste. Mas, segundo Vieira, a condição hidrológica já melhorou e a tendência é que se reduza, já em dezembro, a demanda das térmicas e da energia internacional.