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    Defasada há 50 dias, gasolina tem maior período sem reajuste desde 2016

    Mercado espera alta não só no preço da gasolina, mas também no diesel, em meio à pressão internacional e ameaças de desabastecimento

    Pedro Duranda CNN , Rio de Janeiro

    Oitenta e dois centavos separam o preço da gasolina vendida pela Petrobras e da gasolina importada de fora do Brasil. Para as distribuidoras, trazer o combustível do exterior está mais caro do que comprar da Petrobras desde 25 de abril, portanto há 50 dias nas contas dos importadores de combustível.

    O último reajuste no valor da gasolina foi anunciado no dia 10 de março e passou a valer no dia seguinte. A alta foi de 18,7% exatamente duas semanas depois de a Rússia ter invadido a Ucrânia, começando um conflito que pressiona o preço do petróleo há meses.

    São 95 dias sem mudar o preço. Este é o maior período sem mudanças desde 2016, quando foi instituída a política de paridade internacional dos preços, decisão tomada em conjunto pelo ex-presidente Michel Temer (MDB) e o então comandante da Petrobras, Pedro Parente.

    A informação é resultado de um levantamento feito pela Abicom a pedido da CNN. A política foi instituída em setembro de 2016 e logo depois, no mês de outubro, o primeiro reajuste baseado nos preços internacionais romperia um período de 166 dias sem mudanças no valor da gasolina.

    Tanto em 2021, quanto em 2022, o maior intervalo sem reajustes – para mais ou para menos – tinha sido de 58 dias. Interlocutores do mercado dos combustíveis disseram à CNN que todos os elementos apontam para um reajuste iminente.

    Entre esses elementos estão a defesa de José Mauro Coelho, atual presidente da companhia, e de seus executivos da manutenção da política de equiparação internacional criada ainda no governo Temer, quando Pedro Parente presidia a estatal.

    Além disso, o diesel ficou exatamente os mesmos 50 dias defasado até que o reajuste viesse, como mostrou a CNN. Há também uma crescente demanda pelo combustível nos próximos meses, o que é histórico, além da temporada de furacões que pode impactar refinarias americanas e do Caribe.

    Também em defasagem, o diesel é visto por agentes do mercado ouvidos pela CNN como alvo mais provável de um aumento de preços. É que, embora a defasagem seja mais recente e o preço do combustível já tenha sido aumentado pela Petrobras em maio, há risco de crise mundial do combustível.

    O argumento para o aumento de preço é de que as distribuidoras brasileiras não conseguiriam importar o combustível com uma diferença tão grande. Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis, a Abicom, a defasagem chega a 16% do preço do diesel, ou 95 centavos. Na leitura dos especialistas, tanto o preço da gasolina no exterior, quanto do diesel, tendem a subir ainda mais.

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