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    Decisão sobre juros: BCs acertaram sobre o que não tinham certeza

    Fed e BC brasileiro sinalizam mais segurança sobre batalha contra inflação

    Thais Herédiada CNN em São Paulo

    Nas decisões tomadas pelo BC do Brasil e o Fed americano, fica claro que eles acertaram em sua estratégia para lidar com maior surto inflacionário da década, no caso brasileiro, ou em décadas, no caso dos Estados Unidos.

    O acerto, porém, não foi obvio porque ele se deu num ambiente de enorme incerteza e reações inéditas da economia.

    A desinflação aconteceu sem provocar recessão ou alta no desemprego, ao contrário.

    As economias seguem crescendo, mesmo que em ritmo menor, caminhando para um soft landing.

    O emprego vai de vento em popa tanto aqui quanto lá. A geração de vagas de trabalho não tem sido acompanhada de pressão por salários, desfazendo a correlação negativa mais conhecida da teoria econômica, qual seja, quanto menor o desemprego, maior a inflação, e vice-versa, a famosa Curva de Phillips.

    No caso brasileiro, o diagnóstico era mais evidente.

    O histórico inflacionário do país deu ao BC mais ferramentas e know-how para lidar com disparadas dos preços.

    A dose do remédio necessário para economia nacional também ajuda, já que somos um país (mal) acostumado a conviver com taxas de juros muito altas.

    Mesmo com toda pressão política, Roberto Campos Neto atravessou 2023 pisando em ovos, acomodando o cenário e as mudanças na conjuntura do país.

    Campos Neto admitiu erros nas previsões para o crescimento, apoiou a agenda de Fernando Haddad, mas não saiu da trilha na condução da política monetária.

    Se tem uma coisa que não se pode dizer sobre as decisões do Copom é que elas surpreenderam.

    O destaque do comunicado do Copom desta quarta-feira (31) é não ter destaque.

    Com uma linguagem praticamente igual ao documento do encontro de dezembro, os diretores do Comitê, entre eles, os dois novos nomes escolhidos por Lula, confirmaram que o Brasil segue em terreno plano, clima ameno e rota com bom grau de visibilidade.

    Campos Neto não tinha certeza de que isso seria possível, mas é nesta rota que ele conduz a política monetária no Brasil.

    Nos Estados Unidos, Jerome Powell também enfrentou suas crises e pressões.

    Por motivos diferentes, já que lá a crítica sempre foi pelo erro de diagnóstico do Fed sobre a intensidade do processo inflacionário há dois anos. Acertado o passo na estratégia de combate à disparada dos preços, Powell passou meses alardeando dor e perdas para a economia americana como único caminho para devolver a inflação à meta de cerca de 2%.

    Assim como aqui, nos Estados Unidos a lógica da Curva de Phillips se curvou ao novo normal da economia mundial, onde foi possível manter crescimento, pleno emprego e queda da inflação, mesmo com os juros no maior patamar em mais de 20 anos.

    A decisão desta “Superquarta” serviu para o Fed empurrar o mercado de volta à realidade mais sensata do que a da euforia dos últimos meses.

    Lá, os juros não devem começar a cair em março, como a turma gostaria. Powell quer mais segurança para cravar a vitória sobre a inflação.

    O ambiente de polarização política também é comum aos dois países e o acerto dos BCs serve de alento aos tomadores de decisão que influenciam a economia.

    São eles os empresários, os trabalhadores, os investidores, os consumidores e quem mais escolher consumir ou investir em algo.

    Mesmo com guerras e um cenário global repleto de incertezas, os banqueiros centrais do Brasil e dos Estados Unidos podem se gabar de sentar-se na janelinha e apreciar a vista da jornada de conquistas que tiveram até aqui.