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    CVM absolve Eike Batista em processo sobre inconsistências no currículo

    Não foi demonstrado como a escolaridade de Eike poderia ter desempenhado um papel relevante na tomada de decisão dos investidores, diz relator do caso

    Por Mariana Durão, do Estadão Conteúdo

    Acusado de prestar informações desencontradas sobre sua formação acadêmica às empresas X, o empresário Eike Batista foi absolvido por unanimidade pelo colegiado da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

    O relator do caso, diretor Alexandre Rangel, destacou que não foi demonstrado como a escolaridade de Eike poderia ter desempenhado um papel relevante na tomada de decisão dos investidores ou no exercício de direito de voto dos acionistas.

    A qualificação apresentada pelo empresário, que atuou como diretor e conselheiro em várias das empresas citadas – MMX, OGX, CCX, Prumo (antiga LLX), OSX, Eneva (ex-MPX) e EBX -, ia de engenheiro metalúrgico a bacharel ou graduado em engenharia metalúrgica. Em alguns casos, constava que ele “cursou engenharia”.

    Segundo Rangel, a Instrução 480 da CVM não exige esse tipo de informação, menos importante se comparada, por exemplo, à experiência profissional do administrador. Também foi levado em conta o fato de que o fundador do Grupo X declarava publicamente que apesar de ter frequentado o curso de graduação em engenharia metalúrgica na Universidade de Aachen, na Alemanha, nos anos de 1977 a 1979, não se formou.

    “Não identifiquei nos autos um conjunto consistente, convergente e robusto de indícios robustos que tenham demonstrado que a informação equivocada tenha sido disponibilizada pelo acusado, induzindo as companhias a erro”, disse Rangel em seu voto, no qual destacou a importância dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.

    O diretor da CVM pontuou ainda que Eike não ocupava cargos de presidente ou diretor de Relações com Investidores, responsáveis por garantir que as informações prestadas pelas companhias ao mercado sejam fidedignas.

    O advogado de Eike Batista, Julio Dubeux, defendeu que ele atraía investidores para suas companhias não por ser (ou não) engenheiro metalúrgico, mas pela credencial de empresário de sucesso. “Será que estaríamos aqui hoje para julgar informações imprecisas prestadas sobre a escolaridade de um administrador, se o acusado não fosse Eike Batista?”, questionou, afirmando que o caso teria sido arquivado “com um mero ofício de alerta” caso o alvo não fosse seu cliente.

    Em biografia publicada em 2011, Eike diz que interrompeu a faculdade “ainda na metade” do curso. A discussão sobre o currículo do empresário entrou nos holofotes em 2017, quando ele foi preso pela primeira vez.

    O ex-bilionário foi levado para o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, zona oeste do Rio, onde dividiu espaço com outros seis presos da Operação Lava Jato que não tinham diploma.

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