Crise bancária será sentida nos próximos anos, diz CEO do JP Morgan
Em sua carta anual aos acionistas, Jamie Dimon destacou os danos extensos que o colapso do sistema financeiro causou a todos os bancos
A crise bancária desencadeada pelos recentes colapsos do Silicon Valley Bank e do Signature Bank ainda não acabou e vai se espalhar pela economia nos próximos anos, disse o CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, na terça-feira (4).
Em sua carta anual aos acionistas, o presidente-executivo do maior banco dos Estados Unidos destacou os danos extensos que o colapso do sistema financeiro causou a todos os bancos — grandes e pequenos — e pediu aos legisladores que pensem com cuidado antes de responder com maior regulamentação.
“Essas falências não foram boas para bancos de qualquer tamanho”, escreveu Dimon, respondendo a relatos de que grandes instituições financeiras se beneficiaram muito com o colapso do SVB e do Signature Bank, pois clientes cautelosos buscavam segurança movimentando bilhões de dólares em dinheiro para grandes bancos.
Em uma nota no mês passado, o analista bancário do Wells Fargo, Mike Mayo, escreveu “Golias está ganhando”. O JPMorgan em particular, disse ele, estava se beneficiando de mais depósitos “nesses tempos menos certos”.
“Qualquer crise que prejudique a confiança dos americanos em seus bancos prejudica todos os bancos – um fato que era conhecido mesmo antes desta crise”, escreveu ele.
“Embora seja verdade que essa crise bancária ‘beneficiou’ os bancos maiores devido à entrada de depósitos que receberam de instituições menores, a noção de que esse colapso foi bom para eles de alguma forma é absurda.”
As falências do SVB e do Signature Bank, argumentou ele, têm pouco a ver com o fato de os bancos contornarem as regulamentações. Ele disse que a alta exposição à taxa de juros do SVB e a abundância de depósitos não segurados já eram bem conhecidos dos reguladores e do mercado em geral.
Os regulamentos atuais, ele argumentou, poderiam na verdade levar os bancos à complacência sem realmente abordar questões bancárias reais em todo o sistema.
Obedecer a esses regulamentos, escreveu ele, acaba de “tornar-se uma tarefa enorme e terrivelmente complexa”.
E, embora a mudança regulatória quase certamente ocorra após a recente crise bancária, Dimon argumentou que “é extremamente importante evitarmos respostas instintivas, malucas ou politicamente motivadas que geralmente resultam em alcançar o oposto do que as pessoas pretendiam”.
Os regulamentos, disse ele, muitas vezes são implementados em uma parte da estrutura, mas têm efeitos adversos em outras áreas e apenas tornam as coisas mais complicadas.
A Federal Deposit Insurance Corporation disse que proporá novas mudanças nas regras em maio, enquanto o Federal Reserve está conduzindo uma revisão interna para avaliar quais mudanças devem ser feitas.
Os legisladores do Congresso, incluindo o senador democrata Sherrod Brown, de Ohio, sugeriram que uma nova legislação destinada a regulamentar os bancos está em andamento.
Mas, escreveu Dimon, “o debate nem sempre deve ser sobre mais ou menos regulamentação, mas sobre qual combinação de regulamentações manterá o sistema bancário dos Estados Unidos o melhor do mundo”.