Copom: se necessários, novos cortes de juros devem ser mais espaçados
A maior cautela, segundo o Copom, é porque "um ambiente com juros baixo sem precedente pode gerar aumento da volatilidade de preços"
O Comitê de Política Monetária (Copom) informou que se necessárias, novas reduções na taxa básica de juros, por exigirem mais cautela e gradualismo, deverão ser mais espaçadas. “Se necessárias, novas reduções de juros demandariam maior clareza sobre a atividade e inflação prospectivas e poderiam ser temporalmente espaçadas”, avaliou.
A análise consta na ata da 232ª reunião do Comitê, realizada nos dias 4 e 5 de agosto, publicada nesta terça-feira (11). A maior cautela, segundo o Copom, é porque “um ambiente com juros baixo sem precedente pode gerar aumento da volatilidade de preços de ativos e afetar, sem o devido tempo necessário de transição para um novo ambiente, o bom funcionamento e a dinâmica do sistema financeiro e do mercado de capitais”.
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Ainda de acordo com o comitê, os dados recentes sugerem uma recuperação parcial da atividade econômica doméstica. No entanto, mesmo com a retomada relativa do consumo de bens duráveis e até do investimento, possíveis pelos estímulos de programas governamentais para recomposição de renda, o Copom destacou que as atividades do setor de serviços, sobretudo as mais diretamente afetadas pelo distanciamento social, permanecem “bastante deprimidas”.
“A pouca previsibilidade associada à evolução da pandemia e à necessária redução nos auxílios emergenciais a partir do final desse ano aumentam a incerteza sobre a velocidade de retomada da atividade econômica”, informou o documento.
Assim, o Comitê ponderou que a imprevisibilidade e os riscos associados à evolução da pandemia podem implicar em uma crise mais longa, com retomada econômica ainda mais gradual do que o esperado.
“Dada a natureza do choque, o setor de serviços deve continuar a apresentar maior ociosidade que os demais. O Comitê concluiu que a natureza da crise provavelmente implica que pressões desinflacionárias provenientes da redução de demanda podem ter duração maior do que em recessões anteriores”, acrescentou.
Cenário internacional
Para o Copom, os dado da economia internacional do segundo trimestre não surpreenderam, mas evidenciaram que a profundidade da atual crise só é comparável a da Grande Depressão de 1930. Apesar de sinais positivos de recuperação, o comitê destacou que a forte retomada no consumo de bens não é acompanhada no setor de serviços.
“O Comitê ponderou que a principal restrição a uma recuperação plena nas principais economias é a própria evolução da pandemia, sendo a possibilidade de uma segunda onda o principal risco nas economias centrais”, diz a ata.
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