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    Copom: evolução da pandemia e fim dos auxílios podem reverter retomada econômica

    Na avaliação do Copom, indicadores macroeconômicos do fim do ano passado não contemplam os efeitos do recente repique no número de casos de Covid-19

    Anna Russi, da CNN, em Brasília

    Os dados de indicadores macroeconômicos relativos ao fim do ano passado surpreenderam positivamente. No entanto, na avaliação do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), esses dados não contemplam os efeitos do recente repique no número de casos de Covid-19. 

    Segundo o Copom, a maior incerteza, associada à evolução da pandemia e ao necessário ajuste de gastos públicos em 2021, aumentam a incerteza sobre a continuidade da retomada da atividade econômica. 

    “Os riscos associados tanto à evolução da pandemia como ao esperado arrefecimento dos efeitos dos auxílios emergenciais podem implicar um cenário doméstico caracterizado por mais gradualismo ou até uma reversão temporária da retomada econômica”, avalia o comitê na ata de sua 236ª reunião, realizada na semana passada. 

    O comitê também discutiu sobre os impactos da recente alta no preço de commodities internacionais e seus reflexos sobre os preços de alimentos e combustíveis no cenário nacional. Apesar dessa alta afetar a pressão inflacionária no curto prazo, elevando as projeções de inflação para os próximos meses, o Comitê “mantém o diagnóstico de que os choques atuais são temporários, ainda que tenham se revelado mais persistentes do que o esperado”.

    Redução do estímulo 

    Como informado no comunicado após a reunião na última quarta-feira (20), o Copom retirou o forward guidance, instrumento adotado pelo BC em agosto do ano passado como forma de acalmar o mercado com a sinalização de que os juros permaneceriam baixos por um tempo maior. 

    De acordo com a ata da reunião, duas das condições necessárias para a manutenção da ferramenta seguem satisfeitas: regime fiscal não foi alterado e as expectativas de inflação de longo prazo permanecem ancoradas. No entanto, a terceira condição deixou de ser satisfeita, uma vez que as expectativas de inflação estão suficientemente próximas da meta no que diz respeito ao horizonte relevante de política monetária. 

    Alguns membros do comitê ainda levantaram a hipótese de que o Copom deveria considerar o início de um processo de normalização parcial, reduzindo o grau “extraordinário” dos estímulos monetários. Ou seja, iniciar o movimento de alta dos juros básicos. 

    Essa avaliação é justificada pela inversão do choque desinflacionário ocorrido nos primeiros meses do ano, a reversão da trajetória de queda das expectativas de inflação e a redução da ociosidade econômica desde maio de 2020, quando começou o estímulo “extraordinário”. 

    “As próximas divulgações serão muito informativas sobre a evolução da pandemia, da atividade econômica e da política fiscal. Sendo assim, os benefícios de se aguardar essas divulgações para decidir os próximos passos da política monetária se sobrepõem aos custos”, conclui o Copom. 

    Cenário externo

    Para o Copom, o aumento do número de casos e o aparecimento de novas cepas do vírus no cenário internacional têm revertido os ganhos na mobilidade e deve afetar a atividade econômica no curto prazo. 

    Por outro lado, novos estímulos fiscais desenvolvidos em alguns países, junto à implementação dos programas de imunização contra a Covid-19, devem promover uma recuperação sólida da atividade no médio prazo. 

    “O surgimento de novas variantes do vírus e a recente discussão sobre ‘reflação’ nos Estados Unidos são, respectivamente, novas fontes de risco para a atividade econômica e para os preços de ativos de países emergentes. Por outro lado, atuam em direção oposta a implementação de amplos programas de imunização contra a Covid-19, os novos estímulos fiscais em alguns países desenvolvidos e a comunicação dos bancos centrais das principais economias”.

    Assim, o comitê reforça sua avaliação de que os estímulos monetários terão longa duração, permitindo um ambiente favorável para economias emergentes.

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