Contração da atividade econômica será de 4,2%, estima CNI
Em outro cenário, em que as medidas emergenciais do governo não sejam eficazes, o estudo conclui que o PIB brasileiro poderá recuar até 7,3%
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) atualizou, nesta segunda-feira (11), suas projeções para o desempenho da atividade econômica em 2020. Considerando um cenário base em que as políticas de auxílio econômico sejam suficiente para impedir a solvência da maioria das empresas e evitar a redução da renda das famílias, a CNI prevê uma contração de 4,2% no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil neste ano. A previsão pré-pandemia, feita em dezembro de 2019, era de crescimento de 2,5%.
Em outro cenário, em que as medidas emergenciais do governo não sejam eficazes, o estudo conclui que o PIB brasileiro poderá recuar até 7,3%. Os números fazem parte do Informe Conjuntural do primeiro trimestre de 2020.
Leia também:
Focus: mercado passa estimar retração de 4,11% para o PIB em 2020
PIB brasileiro cairá 5% em 2020, prevê Banco Mundial
FMI: PIB do Brasil deve cair 5,3% e rombo das contas subir a 5,2% em 2020
Para o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, em um cenário base, as medidas econômicas para enfrentar a crise vão permitir uma recuperação mais rápida. “Impedir a falência de um grande número de empresas e o aumento significativo do desemprego, além de reduzir os impactos sobre problemas logísticos, falta de insumos e sobre o emprego e, assim, possibilitar uma recuperação mais rápida”, detalhou o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
Já em um cenário otimista, destacado pela CNI como “menos provável”, a previsão é de uma rápida recuperação. Assim, a queda do PIB seria de 2% no primeiro trimestre, e 3,8% no segundo trimestre. Nesse contexto, a atividade econômica retornaria, em agosto, ao mesmo nível do desempenho de fevereiro.
No cenário base, a confederação espera que o PIB industrial recue 3,9% neste ano, em relação ao ano passado. Já na simulação de um cenário pessimista, a queda pode chegar a até 7%. Em uma melhor hipótese, no cenário otimista, a retração seria de 1,8%.
O estudo traz ainda uma sugestão da CNI para que o governo garanta que o crédito chegue na ponta. Na visão da confederação, o risco dos financiamentos deve ser assumido pelo Tesouro Nacional, como aconteceu na Europa e nos Estados Unidos. “É o único modo de se minimizar pedidos de falência de uma grande quantidade de empresas e o desaparecimento dos empregos”, avaliou Andrade.
Indicadores macroeconômicos
– Emprego e renda: Em um cenário base, taxa de desemprego em dezembro deste ano estará em torno de 12,5%, com acréscimo de cerca de um milhão de pessoas desocupadas em relação ao trimestre móvel encerrado em fevereiro de 2020.
– Inflação, juros e crédito: O IPCA ficará abaixo do piso da meta de inflação, de 2,5%, neste ano e deve ser de 1,97%. A expectativa da CNI é de que o ciclo de redução da Selic continue.
– Expectativa de saldo comercial e taxa de câmbio: cenário desfavorável para exportações brasileiras, com taxa de câmbio se manterá em patamar elevado nos próximos meses e preços das commodities mais baixos.