Consumidores chineses estão presos em casa, mas ainda gastando muito, diz Alibaba
Gigante do e-commerce divulgou lucros e vendas acima do esperado, "apesar de desafios que impactaram cadeias de suprimentos e sentimento do consumidor", disse CEO
A economia da China caiu à medida que os casos de Covid-19 aumentaram no país mais populoso do mundo. Mas os consumidores chineses presos em casa ainda estão gastando.
A gigante do comércio eletrônico Alibaba divulgou lucros e vendas acima do esperado para seu trimestre mais recente na última quinta-feira (26).
As ações da Alibaba subiram quase 15% nas negociações do final da manhã depois que a empresa informou que a receita subiu 9% em relação ao ano anterior, superando as previsões dos analistas.
A Alibaba disse que a força se deve à sólida demanda de compras online e móvel, bem como um salto de 12% nas vendas de sua enorme unidade Alibaba Cloud.
A Alibaba disse que agora tem mais de 1 bilhão de clientes ativos na China, a primeira vez que superou esse marco. A empresa tem mais de 1,3 bilhão de clientes em todo o mundo.
O Alibaba Charman e CEO Daniel Zhang disse em um comunicado à imprensa que o Alibaba conseguiu publicar resultados sólidos “apesar dos desafios macros que impactaram as cadeias de suprimentos e o sentimento do consumidor”.
A empresa espera que as interrupções na cadeia de suprimentos possam terminar em breve. O diretor financeiro do Alibaba, Toby Xu, disse durante uma teleconferência com analistas na quinta-feira que “certamente estamos vendo sinais de melhora no mês de maio”, embora ainda “leve tempo” para que as remessas pendentes sejam entregues.
Xu acrescentou que “muitos comerciantes podem precisar investir para aumentar suas receitas”, especialmente porque os varejistas se preparam para o festival de compras de meio de ano do Alibaba em 18 de junho.
Mudança nos hábitos de compra do consumidor chinês
As preocupações com o aumento da Covid-19 nas principais cidades chinesas continuam sendo uma grande preocupação. Isso levou a uma mudança em como (e o que) os consumidores chineses estão comprando, assim como nos Estados Unidos e em outras partes do mundo.
“Embora nosso tráfego e engajamento de usuários tenham permanecido resilientes, os padrões de consumo em todas as categorias em nossas plataformas mudaram”, disse Zhang na teleconferência.
Ele observou que as vendas nas categorias de moda e eletrônicos caíram, mas “a demanda por suprimentos essenciais”, como alimentos e produtos de higiene pessoal, “aumentou significativamente com mais consumidores estocando em casa”.
Zhang disse que outras categorias, como assistência médica, roupas esportivas e produtos para atividades ao ar livre, também cresceram rapidamente.
Os principais varejistas dos EUA, como Walmart e Target, relataram tendências semelhantes.
Mas o Alibaba enfrenta outros desafios significativos. Reguladores na China examinaram seus gigantes de tecnologia locais mais de perto nos últimos anos.
E muitas grandes empresas chinesas que negociam nos Estados Unidos podem ser forçadas a sair da Bolsa de Valores de Nova York e da Nasdaq. O aplicativo de compartilhamento de viagens Didi é exemplo disso.
A Luckin Coffee, concorrente da Starbucks, já foi deslistada, embora a empresa tenha encenado um retorno impressionante na China após problemas contábeis.
A tensão entre a China e os EUA continua alta também. O presidente Biden continuou a falar duramente sobre uma possível intervenção militar na China se ela atacar Taiwan.
No entanto, Biden e a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, sugeriram reverter algumas das tarifas mais onerosas da era Trump sobre produtos chineses.
Outras grandes empresas chinesas também relataram resultados mais otimistas ultimamente. O rival do Alibaba, JD.com, disse recentemente que as vendas do último trimestre superaram as previsões.
E a gigante chinesa de buscas Baidu divulgou resultados melhores do que o esperado na quinta-feira, graças ao crescimento em suas unidades de nuvem e inteligência artificial.
As ações do Baidu subiram 10% na quinta-feira, mas ainda caíram mais de 10% no ano.
Alibaba, JD e outras grandes empresas de tecnologia chinesas, como a varejista on-line Pinduoduo e as empresas de carros elétricos Nio, Xpeng e Li Auto, ainda estão em queda acentuada em 2022, apesar das recentes recuperações.