Confiança de comerciantes é a maior desde o início da pandemia, aponta CNC
Junho é terceiro mês consecutivo com crescimento do indicador; conforme a entidade, otimismo do varejo está apoiado no crescimento das vendas
A confiança dos comerciantes atingiu o patamar mais alto desde o início da pandemia, segundo levantamento da Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) divulgado nesta terça-feira (28).
O índice de junho chegou a 122,4 de 200 pontos, maior nível desde março de 2020. Esse é o terceiro crescimento mensal consecutivo na série com ajuste sazonal. Conforme a entidade, o otimismo do varejo está apoiado no crescimento do volume de vendas entre janeiro e abril.
O componente que apresenta especificamente a opinião dos empresários em relação à situação atual do setor também chegou ao maior nível desde março de 2020: 107,1 pontos (variação anual de 52,4%). Já sobre a situação da economia, a confiança dos comerciantes marcou 91,4 pontos, uma variação anual de 69,6%.
Em relação às vendas, o aumento das negociações também animou as expectativas do empresariado para o curto prazo. O índice de expectativas teve o terceiro aumento e chegou a 152,4 pontos, mesmo com a inflação e juros elevados.
O resultado fez a confederação revisar novamente para cima a projeção de crescimento das vendas em 2022: +1,7%.“As medidas de suporte à renda, como o auxílio emergencial e os saques extraordinários do FGTS, seguem produzindo efeitos positivos no consumo e viabilizando o pagamento de dívidas.
Com o ticket médio nas vendas correntes mais baixo, o comércio aposta na recorrência das compras e na substituição de marcas caras, o que também explica o bom desempenho das vendas no contexto de disseminação da alta dos preços aos consumidores”, aponta a CNC.
O economista da ESPM Rio Roberto Simonard destaca que a dinâmica de negociações varia entre os diferentes setores, de comércio e serviços.“Acredito que o frio, por exemplo, esteja favorecendo as vendas de roupas e calçados em geral. A produção destes itens é majoritariamente nacional e, portanto, sofre menores efeitos dos problemas da economia internacional.
Outro aspecto que influencia é o custo da energia elétrica, que caiu, beneficiando vários setores, incluindo serviços. E no comércio como um todo, há uma soma da expansão das vendas digitais com a expansão das vendas do comércio tradicional, estas provocadas pela redução dos índices da Covid”, afirma o economista.
Expectativas positivas para o segundo semestre
A percepção sobre o nível dos estoques é a melhor desde abril de 2020 (90,6 pontos). Entre os varejistas, 23,5% consideram o volume acima do adequado – número 4,4 pontos percentuais menor do que a média do período da pandemia.
Mesmo com as margens de lucro ainda comprimidas e o custo do crédito alto, a confederação aponta que os comerciantes sentiram a rotatividade dos estoques melhorar em junho, em relação ao ano passado.Para Gilberto Braga, economista e professor do Ibmec RJ, o comércio é um dos setores que mais tem reagido na retomada econômica no país.
“Esse otimismo do segmento está muito alinhado com os resultados. O avanço da vacinação e a retomada das atividades presenciais em muitas empresas, ainda que de maneira híbrida, têm movimentado o comércio. E todas as datas comemorativas, Dia das Mães, Dia dos Namorados registraram aumento de movimento. Então isso projeta que as próximas datas, Dia dos Pais, Dia das Crianças e Natal, também serão bastante positivas nesse contexto de retomada das atividades”, afirma o economista.
Entre abril e junho, a expectativa dos varejistas de grande porte para os próximos meses subiu de 143,8 para 150,6 pontos. Em relação a junho do ano passado, houve um aumento de 5,7%.
Para a CNC, “apesar do peso menor em relação ao total de estabelecimentos do comércio, o tomador de decisão do grande varejo, em geral, antecipa tendências”. E na visão desses varejistas, o desempenho da economia, do comércio e das próprias empresas será melhor na segunda metade do ano.
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) é um indicador apurado exclusivamente com os tomadores de decisão das empresas do varejo.
A amostra é composta por aproximadamente seis mil empresas situadas em todas as capitais do país, e os subíndices, apurados mensalmente, apresentam dispersões que variam de zero a 200 pontos.
O Icec avalia as condições atuais, as expectativas de curto prazo e as intenções de investimento dos empresários do comércio.
*Sob supervisão de Pauline Almeida