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    Comportamento das elites com meio ambiente está mudando, diz sócio da Natura

    Para Guilherme Leal, consequências de um possível boicote ao país por conta do desmatamento pode chegar à população

    Da CNN, em São Paulo

    As consequências econômicas se o Brasil não reverter o desmatamento podem chegar à população, alerta o sócio-fundador da Natura, Guilherme Leal, ao analisar em entrevista à CNN a posição do país na Cúpula do Clima. Ele aponta um maior envolvimento das elites com o tema e o crescente interesse de políticos na pauta ambiental.

    “A imagem brasileira vem se deteriorando bastante com o aumento do desmatamento dia após dia. Não estamos invertendo isso nesse momento, o que tem prejudicado a imagem na diplomacia como um todo e junto a empresas, países específicos, investidores, podendo chegar nos consumidores. O dia que chegar nos consumidores esse boicote, pode ter consequências muito importantes para a economia brasileira”, explica. 

    Ele avalia o discurso do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Cúpula. “O discurso foi positivo, mas não está escorado na realidade, então a credibilidade continua em jogo. Para eliminar o risco e voltar a ter um protagonismo, aproveitando as oportunidades que toda essa agenda traz, temos que agir. Você pode não zerar com o desmatamento ilegal de um ano para o outro, mas pode reduzir, inverter a tendência de alta. Com isso vamos reconquistar uma credibilidade”, afirma. 

    Guilherme Leal, sócio-fundador da Natura (22.abr.2021)
    Guilherme Leal, sócio-fundador da Natura (22.abr.2021)
    Foto: Reprodução/CNN

    O tema está em pauta não é de hoje, mas agora vem ganhando mais importância. “Há mais de 30 anos estamos falando isso, desde a Rio-92, mas parece que o momento chegou. Até pouco tempo atrás, com a liderança de Trump, essa agenda caminhava com muita dificuldade. No Brasil, a consciência também está ampliando, o tema entrou na agenda”.

    Leal aponta mudanças. “O comportamento das elites está mudando, começaram a perceber que não existe desenvolvimento que não contemple uma preservação ambiental. Boa parte dela se engaja em discutir as diversas visões do que significa, acredito que quem não entrar nessa agenda será superado, seja política ou economicamente”. 

    O assunto, de acordo com ele, também ganha espaço na política. “Os políticos estão crescentemente abertos a perceber essa relevância. Há um espaço grande para os políticos se envolverem, vejo crescer o interesse em conhecer melhor as oportunidades e riscos que enfrentamos. O Congresso tem representações dos mais diversos setores, alguns não muito simpáticos à causa”. 

    Leal também afirma que é necessário que diferentes setores da sociedade caminhem juntos. “Tem um longo processo, tenho certeza que sem a política não há solução. Defendo a responsabilidade social das empresas, mas isso em absoluto substitui um papel relevante do Estado”. 

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