Com revisão em jogos de azar, investidores fogem e perdem bilhões na China
Empresas norte-americanas de cassino também caíram pelo segundo dia seguido, perdendo até US$4 bilhões em valor de mercado nesta quarta-feira
Ações de operadoras de cassino em Macau perderam até um terço do seu valor em bolsa, um prejuízo de cerca de US$18 bilhões, após o governo iniciar uma campanha que pode resultar com maior supervisão no maior polo de jogos de azar do mundo.
Com as lucrativas licenças de cassino de Macau prestes a serem renovadas no próximo ano, o plano assustou um mercado que já estava no vermelho após medidas regulatórias duras de Pequim contra setores como tecnologia, educação e propriedade, que cortaram centenas de bilhões de dólares de valores de ativos.
A Wynn Macau liderou a queda, com um declínio de até 34% a um ponto baixo recorde, seguido pela queda de 28% da Sands China. MGM China, Galaxy Entertainment, SJM e Melco Entertainment também caíram bastante e contribuíram à perda de US$ 143 bilhões de Hong Kong (US$ 18 bilhões).
Empresas norte-americanas de cassino também caíram pelo segundo dia seguido, perdendo até US$4 bilhões em valor de mercado nesta quarta-feira, com o Las Vegas Sands chegando ao nível mais baixo em mais de um ano. Wynn Resorts e MGM Resorts caíram 8% e 5%, respectivamente.
A queda veio após Lei Wai Nong, secretário de Macau para economia e finanças, avisar que um período de consulta de 45 dias à indústria de apostas começaria no dia seguinte, apontando para deficiências na supervisão.
Pequim, cada vez mais preocupada com a forte dependência de Macau na indústria de jogos de azar, ainda não disse como o processo de renovação de licenças será julgado.
Alguns analistas de ações não demoraram para rebaixar suas previsões de curto prazo das operadores de cassino na região administrativa especial da China.
Todas elas precisarão pedir novas licenças quando as atuais expirarem em junho de 2022.
O JPMorgan rebaixou para neutro ou abaixo do média todos os nomes da indústria de jogos de Macau.
Em entrevista na terça-feira, Lei detalhou nove áreas para consulta, como número de licenças, melhor regulação e bem-estar dos funcionários, assim como representantes do governo supervisionando as operações do cassino diariamente.
O governo também planeja aumentar ações com poder de voto em concessionárias de jogos, e ampliar regras sobre transferência e distribuição de lucros para acionistas.
Discussões sobre o futuro das licenças de cassino de Macau chegam em meio a relações tensas entre EUA e China, o que deixa investidores com medo de que haja uma vantagem a empresas domésticas em relação a operadoras sediadas nos EUA.
O governo não visou especificamente nenhuma empresa norte-americana, mas as empresas se mexeram para reforçar a presença de executivos chineses ou locais, posicionando-se mais como operadores de Macau do que estrangeiros.
Antes de as licenças vencerem, operadores têm tentado fortalecer a responsabilidade corporativa e diversificar com produtos não relacionados a jogos para acalmar Pequim, preocupada com a dependência excessiva em jogos de azar.
Macau reforçou a supervisão de cassinos nos últimos anos, fechando o cerco em torno de fluxos ilícitos de capital da China continental e visando transferências de dinheiro ilegais e empréstimos por baixo dos panos.
Pequim também intensificou a guerra contra fluxos entre-fronteiras de fundos para apostas, atingindo o financiamento de intermediários de viagens e seus clientes VIP em Macau.
Em junho, Macau mais do que dobrou o número de inspetores de jogos de azar e reforçou a supervisão.
George Choi, analista do Citigroup em Hong Kong, afirmou que, embora a consulta pública dê poucos detalhes, as mudanças sugeridas beneficiam o crescimento sustentável de longo prazo, “com implicações positivas para os seis operadores de cassino”.
A consulta acontece no momento em que Macau sofre com a escassez de turistas por causa das restrições devido à pandemia desde o começo de 2020.
Apesar de as receitas de apostas terem se recuperado nos últimos meses, elas permanecem abaixo da metade dos números mensais de 2019.