Com inflação e recuo da pandemia, escolas miram reajuste de até 10%, diz estudo
Gastos durante o auge da pandemia e escalada da inflação são os principais fatores para o reajuste dos valores no ano que vem
As instituições de ensino já começam a se preparar para o calendário letivo de 2022, e a maioria pretende reajustar as mensalidades. A escalada da inflação e o arrefecimento da pandemia são apontados como principais causas desse movimento.
Segundo estudo da Meira Fernandes, consultora especializada em Instituições de ensino, 90,9% das escolas apontaram as mensalidades sofrerão reajustes no próximo ano letivo.
Desse grupo, 53% disseram que pretendem fazer reajustes entre 7% a 10%, enquanto 24,3% afirmaram que a alta será entre 1% e 7%. Os outros 6,7% comunicaram que a reposição será mais alta, acima de 10% para o próximo ano.
A pesquisa foi feita com cerca de 65 instituições de ensino, responsáveis por mais de 25.000 matrículas diretamente e espalhadas por cinco estados brasileiros, entre os dias 8 e 16 de novembro de 2021.
Consequências da Covid-19
À CNN, Rogério Caramante, gestor comercial e de marketing da Meira Fernandes e um dos responsáveis pelo estudo, disse que os principais motivos para os reajustes das escolas são as consequências da pandemia e a inflação.
“Em 2020 e 2021 as escolas foram muito afetadas, mas não repassaram os valores por incertezas e medo de cancelamento de matrículas”, disse.
Caramante afirmou que as instituições tiveram de lidar com os custos em tecnologia para manter as aulas de ensino a distância e com dissídios de auxiliares e outros funcionários.
No entanto, com a população vacinada e a consequente retomada da economia, as instituições de ensino já projetam fazer a reposição dos valores gastos durante o auge da crise sanitária no país.
Pela regra, os reajustes de mensalidades não podem ser feitos no meio do ano letivo. Por isso, as atualizações devem vir só no ano que vem.
Alta generalizada dos preços
Outro motivo que tem feito as escolas repensarem os valores das mensalidades é a recente escalada da inflação.
“Além das sequelas da pandemia, a inflação de dois dígitos foi outro fator primordial nesse reajuste”, afirmou Caramante.
As estimativas para a inflação deste e do próximo ano continuam subindo.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de outubro registrou 10,67% no acumulado de 12 meses, muito acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central, de 5,35%.
Para 2022, a previsão mais recente do mercado já aponta para 4,79%, quase no limite para o ano que vem, de 5%.
Recuperação de ensino
A pandemia causou o fechamento de muitas escolas, em especial as de educação infantil, mas dados da Meira Fernandes mostram que os donos das instituições estão otimistas com uma retomada de matrículas.
Segundo a pesquisa, cerca de 37,8% acreditam que, neste ciclo de fim de ano, as rematrículas irão recuperar mais de 35% das saídas durante a crise sanitária. Eles também esperam novos alunos para ocuparem os lugares vagos nas salas de aula.
Em contrapartida, cerca de 7,6% deles ainda vislumbram um cenário hostil, em que não haverá recuperação da perda sofrida e com as carteiras vazias em sala de aula.
O restante, que corresponde a maioria, com cerca de 54,6% dos gestores, acha que as matrículas serão recuperadas, mas o número ainda será modesto, de 5% a 30%.
Eles disseram que a tendência é que estes dados cresçam, caso o país mantenha medidas efetivas de combate ao coronavírus.
A CNN procurou a Associação Brasileira de Escolas Particulares (Abepar), mas até o momento não obteve retorno.