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    Com bloqueios, trens são a única saída da Ucrânia para exportar grãos

    Com portos e espaço aéreo bloqueados na região, transporte impõe novos custos para o mundo

    Beatriz Puenteda CNN , Rio de Janeiro

    A linha ferroviária ucraniana, que tem levado milhares de refugiados do país para longe dos ataques russos, pode ser a única opção para escoar a produção de grãos, segundo especialista ouvido pela CNN.

    A participação de grãos ucranianos, como trigo e milho, no mercado mundial é de 11%, a participação de óleo de girassol – é de 55%. E, com os portos fechados e espaço aérea bloqueado, a sobrevivência econômica ucraniana está nos mais de 23 mil quilômetros de linhas ferroviárias que cruzam o país.

    A empresa estatal que opera os trens na Ucrânia afirmou que estuda a melhor logística para entregar os produtos nas fronteiras com Romênia, Hungria, Eslováquia e Polônia. De lá, os grãos seriam destinados aos portos e polos comerciais europeus.

    “Cada décimo pão do mundo é feito com grãos ucranianos. A guerra contra a Ucrânia ameaça o mundo com a escassez de alimentos. Para evitar a crise alimentar global e salvar as exportações ucranianas, as ferrovias JSC ucranianas estão prontas para organizar a entrega de produtos agrícolas por via férrea com urgência”, diz a nota divulgada pela operadora JSC Ukrainian.

    No entanto, a guerra não afeta apenas os países envolvidos. O transporte enfrenta uma nova crise de logística internacional, segundo o diretor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Marcus Quintella. O Mar Negro, uma das vias marítimas mais movimentadas do mundo por conta da atividade econômica, se tornou uma região de tensão com navios russos.

    “Cerca de 85% do transporte do mundo é marítimo. Com os portos fechados, temos cargas paradas. Houve um aumento na procura por seguros marítimos na região do Mar Negro, por conta do risco de sofrerem ataques. E o setor ainda se recuperava da Covid-19, tudo ainda estava em alta, com crise de oferta e demanda, a questão dos contêineres”, explica o especialista.

    Sobre os impactos, o diretor da FGV destaca que os preços dos combustíveis também entrarão no custo das importações e exportações. Com quase duas semanas de conflito, o prejuízo das empresas de transporte já deve alcançar, segundo Quintella, a casa dos bilhões de dólares.

    Outro ponto importante no transporte que irá impactar para além das fronteiras da Ucrânia é o fechamento do espaço aéreo dos dois países.Além de os espaços aéreos de Ucrânia e Rússia estarem fechados, a União Europeia interrompeu o desembarque de aeronaves russas.

    “Será necessário fazer desvios. Se você tem um voo de Londres para Tóquio, o avião terá que contornar (a Rússia). São cerca de três horas a mais de viagem. Mais tempo, mais combustível e preços da passagem vão subir também”, destaca Quintella.

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