CEO do Spotify condena insultos raciais de podcaster, mas diz que não vai intervir
Com perda de valor de mercado e boicote de artistas, empresa vem lidando com imbróglios causados pelo podcast de Joe Rogan, o mais popular da plataforma


Na noite de domingo (6), Daniel Ek, CEO do Spotify, abordou o uso de insultos raciais por Joe Rogan, dizendo à equipe em um memorando que, embora tenha achado os comentários “incrivelmente dolorosos” e inconsistentes com os valores da empresa, ele não acreditava que “silenciar” o podcaster era a resposta.
Os comentários de Ek ocorrem quando o Spotify enfrenta uma crise sem precedentes sobre a retórica de Rogan sobre raça e Covid-19, que envolveu a empresa em controvérsia e levou um número crescente de artistas e podcasters a abandonar a plataforma.
Rogan, que prometeu na semana passada fazer melhor ao discutir assuntos relacionados à pandemia, pediu desculpas no sábado de manhã (5) depois que uma compilação de vídeo dele usando insultos raciais foi amplamente compartilhada nas mídias sociais.
Rogan disse que “não é racista” e não usou tal linguagem nos últimos anos. Ele admitiu em um vídeo do Instagram postado em sua conta que agiu de forma inadequada, embora tenha dito que os vídeos divulgados online o tiraram do contexto.
Rogan admitiu, no entanto, que “sempre que você está em uma situação em que precisa dizer ‘não sou racista’, você se ferrou, e eu claramente ferrei tudo”.
O Spotify fechou um acordo em 2020 com Rogan para ter exclusivamente seu popularíssimo podcast na plataforma. O Wall Street Journal informou que o negócio valia mais de US$ 100 milhões.
Em nota para a equipe na noite do último domingo (6), que o Spotify forneceu à CNN Business, Ek disse que estaria cometendo “um investimento incremental de US$ 100 milhões para licenciamento, desenvolvimento e marketing de música (artistas e compositores) e conteúdo em áudio de grupos historicamente marginalizados.”
Não está claro, no entanto, se tal ação acabará com a controvérsia relacionada a Rogan. Os críticos pediram medidas muito mais duras, com muitos pedindo que a empresa demita o podcaster.
Ek disse no domingo à noite que os comentários de Rogan “não representam os valores desta empresa” e que o Spotify havia se envolvido em “conversas com Joe e sua equipe sobre alguns dos conteúdos de seu programa, incluindo seu histórico de usar alguma linguagem racialmente insensível”.
“Após essas discussões e suas próprias reflexões, ele optou por remover vários episódios do Spotify”, disse Ek.
Mais de 100 episódios do programa de Rogan foram apagados da biblioteca do podcaster, de acordo com o JRE Missing, um site que acompanha o programa.
Ek pediu desculpas à equipe pela forma como a controvérsia “continua a impactar” cada um deles.
“Lamento profundamente que você esteja carregando tanto desse fardo”, disse Ek. “Também quero ser transparente ao estabelecer a expectativa de que, para atingir nosso objetivo de nos tornarmos a plataforma global de áudio, esses tipos de disputas serão inevitáveis”.
O CEO do Spotify disse que equilibrar a “expressão do criador com a segurança do usuário” é algo em que ele está pensando e que pediu às equipes para “expandir o número de especialistas externos” que consultam em tais esforços.
Ek e Spotify vêm tentando, sem sucesso, acabar com a polêmica relacionada ao podcast de Rogan há semanas.
Neil Young foi o primeiro artista de gravação a pedir que sua música fosse removida da plataforma em 25 de janeiro. Joni Mitchell seguiu logo depois e outros músicos e podcasters continuaram a se juntar ao crescente boicote.