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    Cebolas estão tão caras nas Filipinas que viraram alvo de contrabando

    Até mesmo o peito bovino é 30% mais barato do que as cebolas em peso no país, já que o preço de um quilo de alho subiu mais do que o salário mínimo diário

    Kathleen Magramoda CNN

    De saladas a ensopados, a humilde cebola é um ingrediente-chave em quase todos os pratos filipinos. Mas agora, o vegetal custa quase três vezes mais que o frango nas Filipinas.

    Cebolas roxas e brancas eram vendidas por até 600 pesos filipinos (US$ 11 / 2,2 libras) por quilo na segunda-feira, em comparação com 220 pesos (US$ 4) por quilo de frango, segundo o Departamento de Agricultura do país.

    Até mesmo o peito bovino é 30% mais barato do que as cebolas em peso, já que o preço de um quilo de alho subiu mais do que o salário mínimo diário.

    Joey Salceda, economista residente na Câmara dos Deputados das Filipinas, lamentou no domingo que o país agora tem os “preços domésticos de cebola mais caros do mundo”, enquanto os filipinos inundaram as mídias sociais para reclamar dos preços altíssimos.

    O aumento dos preços ocorre depois que uma onda de super tufões atingiu as Filipinas no ano passado, danificando dezenas de bilhões de pesos em colheitas. O país do Sudeste Asiático tem lutado contra a alta da inflação nos últimos meses, com os preços ao consumidor subindo 8,1% em dezembro, atingindo uma alta de 14 anos, de acordo com a Autoridade de Estatística das Filipinas.

    Os preços recordes levaram a uma série de investigações oficiais, inclusive por legisladores e ombudsman do país.

    O ombudsman Samuel Martires foi citado esta semana pela afiliada da CNN, CNN Filipinas, dizendo que estava investigando a possibilidade de manipulação de preços. O ombudsman ainda não respondeu a um pedido de comentário da CNN.

    Contrabando de cebola

    As cebolas se tornaram uma mercadoria tão visada que estão sendo contrabandeadas para o país.

    Funcionários da alfândega apreenderam US$ 310.000 em cebolas brancas escondidas em um carregamento de roupas em sua última apreensão em 23 de dezembro, de acordo com a Agência de Notícias filipinas estatal. Dois dias antes, US$ 364.000 em cebolas roxas da China encontradas escondidas em caixas de doces também foram apreendidos pela Alfândega.

    O senador Sherwin “Win” Gatchalian pediu a criação de uma força-tarefa para combater o contrabando.

    “O contrabando afeta negativamente a economia não apenas em termos de perda de receita para o governo por causa de tarifas e impostos não cobrados. O contrabando também destrói a dinâmica do mercado de produtos locais”, disse ele em comunicado na terça-feira. “Precisamos de uma forte aplicação das leis existentes para abordar efetivamente esse problema e proteger os produtores locais.”

    Rex Estoperez, secretário adjunto do Departamento de Agricultura, disse à CNN na terça-feira que o governo estava tentando reprimir os contrabandistas, mas o problema persistia.

    O presidente Ferdinand Marcos Jr. disse que espera encontrar uma maneira de vender as cebolas contrabandeadas para “diminuir os problemas de abastecimento” que o país enfrenta.

    Próximas importações

    O presidente Marcos, que também é secretário de agricultura, aprovou a importação de 21.060 toneladas de cebola esta semana, com chegada prevista para 27 de janeiro, segundo a CNN Filipinas.

    “Um dos impulsionadores da inflação no país é o aumento dos preços das cebolas, por isso decidimos recomendar a importação de cebolas”, disse Estoperez à CNN, acrescentando que os filipinos consomem cerca de 20.000 toneladas métricas do vegetal todos os meses.

    As importações foram uma “solução temporária”, disse ele, acrescentando que não há mais planos de compras porque o pico da safra ocorre em fevereiro, o que pode trazer os preços de volta para baixo.

    Nicholas Mapa, economista sênior do ING Bank com sede nas Filipinas, disse que a importação de cebolas já era um pouco tarde demais, pois os preços já dispararam muito.

    “No curto prazo, podemos apenas esperar mitigar as pressões de preços com o aumento da oferta por meio de importação ou colheita local. Estamos obtendo uma colheita no primeiro trimestre, então esperamos que isso ajude a aliviar a situação”, disse ele, acrescentando que a indústria deve melhorar o armazenamento para limitar o desperdício durante os tufões.

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