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    Campos Neto diz que BC espera trimestre pior do que as projeções do mercado

    "O Brasil é o caso mais exacerbado de países emergentes no qual a moeda não acompanha a valorização das commodites", disse

    Anna Russi, do CNN Brasil Business, em Brasília

     

    O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que a autarquia enxerga um trimestre pior do que as projeções de mercado. “Muito por uma incerteza grande em março, abril e maio, quando vemos os efeitos da pandemia e novos lockdowns. Mas temos um cronograma de vacinação que entendemos que pode ser uma luz no fim do túnel”, disse em evento virtual do Banco Daycoval, nesta terça-feira (30).

    Na avaliação do chefe da autoridade monetária, o custo fiscal do Brasil está diferenciando o país de demais emergentes. “O Brasil é o caso mais exacerbado de países emergentes no qual a moeda não acompanha a valorização das commodites”, afirmou. Para ele esse movimento é um dos principais responsáveis pela aceleração no efeito inflacionário de curto prazo.

    Ele reforçou que o Brasil, com uma memória inflacionária mais recente, deveria ter cuidado especial com o tema. 

    “Vemos que existe uma grande força benéfica de tentar fazer a economia pegar, de tentar ajudar os mais carentes, mas tem que existir uma percepção de que esse custo fiscal está nos diferenciando de uma forma que, através da curva de expectativas, tem contribuído para esse movimento inflacionário”, explicou. 

    Nesse sentido, admitiu que a preocupação com o equilíbrio fiscal do país e com a eficiência da vacinação em massa contra à Covid-19 lhe “tiram o sono”. 

    “Duas coisas me tiram o sono: a primeira é que precisamos da reabertura da economia e para isso precisamos de uma vacinação eficiente para que as pessoas voltem às suas vidas normais. […] A segunda é o descontrole fiscal: é muito difícil você segurar o monetário quando o fiscal está descontrolado”, comentou.

    Campos Neto ainda destacou que a decisão do Copom em aumentar a taxa básica de juros, a Selic, mais rapidamente pode resultar em uma alta total menor ao fim do movimento. Ele lembrou que, quando a taxa chegou à mínima histórica de 2% ao ano, havia expectativa de tombo de 9% para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2020 e para inflação de 1,5%.

    “O cenário foi muito melhor do que o imaginado. De fato, a taxa de 2% foi pensada para um cenário que não ocorreu. Então, esse valor é longe do que achamos que é uma taxa estimulativa em condições normais. Ainda achamos que ela tem que estar estimulativa, mas entendemos que 2% era apropriada para um cenário que não ocorreu”, acrescentou.

    Efeito do fim do auxílio 

    O presidente do BC ainda destacou que o fim do auxílio emergencial foi menos impactante do que o esperado, já que a retração esperada para a atividade econômica em janeiro e fevereiro era maior. 

    “Curiosamente, em janeiro os números vieram fortes, mesmo com impacto menor do fim do auxílio emergencial. Fevereiro também, até onde temos os dados. Então, fomos surpreendidos por uma economia mais resiliente mesmo com a retirada do auxílio emergencial”, avaliou. 

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