Caixa oferece financiamento imobiliário corrigido pela poupança. Vale a pena?
Especialistas consultados pelo CNN Business afirmam que, atualmente, a linha é uma das mais baratas do mercado
A Caixa começa a oferecer nesta semana a nova linha de crédito para financiamento imobiliário com taxa de juros atrelada à rentabilidade da poupança. Essa nova forma de financiamento terá juros a partir de 4,75% anuais e até 35 anos para o pagamento. Será que essa nova linha de financiamento imobiliário vale a pena?
Especialistas consultados pelo CNN Business afirmam que, atualmente, a linha é uma das mais baratas do mercado.
“Essa é a linha mais inteligente de todas. Com a linha atrelada pela inflação, não há limites para a alta dos juros. Mas, nesta, há [limite para a alta] e isso faz diferença”, disse Alberto Azjental, coordenador do curso de Desenvolvimento de Negócios Imobiliários da FGV. “Além disso, ao contrário da linha pré-fixada, ela não precisa de uma gordura, já que pode ser corrigida no futuro.”
Taxa máxima de 10,16% ao ano
A nova linha da Caixa combina uma parte fixa, mais uma parte variável corrigida pela Selic. A parte fixa varia entre 3,35% e 3,99% ao ano, dependendo do relacionamento com o banco, enquanto a variável é a remuneração da poupança.
Como a poupança, atualmente, rende 70% da Selic, a conta fica em 1,40% mais a parte fixa. Caso a Selic esteja acima de 8,5% ao ano, a remuneração da poupança passa a ser de 0,5% ao mês (6,17% ao ano) mais a variação da TR.
Portanto, a nova linha conta com uma taxa máxima de 10,16% ao ano (6,17% da poupança mais 3,99% da parte fixa), caso a Selic suba.
Comparação com outras linhas
A Caixa possui três outras linhas de financiamento imobiliário. A primeira, com taxa fixa de 6,25% a.a. iniciais mais TR (zerada atualmente); outra de 6,25% a.a. iniciais mais correção da inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). E a última com uma taxa fixa que parte de 8% a.a.
A pedido do CNN Business, Azjental comparou a nova linha de crédito para financiamento imobiliário da Caixa com as demais linhas do banco.
Se, de início, a nova linha é mais barata que as demais, a diferença cai se a taxa básica de juros (Selic) sobe, diminuindo a vantagem para outras linhas, como a pré-fixada, por exemplo. “O mercado já dá como certo, por exemplo, uma alta da Selic, com incertezas macro e aumento da inflação”, disse Gilson Oliveira, professor do MBA em Finanças do Ibmec-RJ.
Já para o professor da FGV, mesmo que a Selic suba conforme o mercado espera, a linha corrigida pela poupança ainda é vantajosa.
“Mesmo que suba a 5% ao ano, como nas previsões, ela ainda vale a pena. E, além disso, com a alta da Selic, as outras taxas também não devem ficar paradas e devem passar por uma correção para quem ainda não fez o financiamento”, disse.
Quer previsibilidade?
Para Oliveira, como o financiamento imobiliário é algo que deve perdurar por décadas com o cliente, ter uma previsibilidade, principalmente no Brasil, onde inflação e juros tendem a subir, pode ser vantajoso.
“Nessa linha pós-fixada, o recomendável é que o mutuário avalie a opção que melhor se adeque a sua fonte de renda. No curto prazo, essa linha é mais barata, mais em conta. No entanto, esse financiamento é de longo prazo. Então, o risco de alta nos juros deve ser levado em conta”, afirmou Gilson Oliveira, professor do MBA em Finanças do Ibmec-RJ.
“A linha prefixada é uma linha mais cara, mas há uma previsibilidade. Então, em um contrato de 20, 30 anos, o mutuário sabe exatamente o quanto vai pagar. Então, se você tem uma renda garantida, como um funcionário público, por exemplo, vale a previsibilidade”, disse.