Café da manhã do brasileiro já acumula alta de quase 10% em 2021, aponta FGV
Levantamento mostra que nos últimos 12 meses a alta acumulada foi de 9,40%
O cafezinho acompanhado de um pão com manteiga está custando mais caro. Nos últimos 12 meses, o café da manhã tradicional do brasileiro acumula alta de 9,40%.
O número é ligeiramente mais baixo que a inflação medida pelo IPC-DI no mesmo período, que ficou em 9,60%, aponta levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (IBRE-FGV).
Atualmente, uma xícara pequena de café e um pão na chapa custam em média R$ 5,50 na região central da cidade do Rio. Há um ano, o preço do dejejum girava em torno de R$ 4,90.
A explicação para esse salto, segundo os economistas, está nos prejuízos acumulados pela geada e a estiagem que afetaram a produção de café no Brasil. Com isso o preço do café em pó disparou 28,69%.
O pãozinho, por sua vez, foi impactado com o aumento do dólar, que encareceu a farinha de trigo, boa parte dela importada da Argentina. A alta registrada pela pesquisa foi de 8,13%.
Outros itens analisados também registraram alta: o queijo minas subiu 12,70% e a margarina aumentou 24,30%. A inflação do café da manhã só não pesou mais no bolso do consumidor porque o leite longa vida registrou pequena variação (0,67%), dando um refresco na média da inflação.
E a expectativa para os próximos meses não é boa. Os preços dos alimentos ainda devem se manter em patamar elevado, segundo o pesquisador da FGV Matheus Peçanha, responsável pelo estudo.
“Apesar de várias commodities alimentícias aparentarem ter superado a crise climática, sobretudo milho e soja, a transmissão de preços desde o produtor de ração, passando pelo pecuarista até chegar ao consumidor final leva tempo, e uma nova tendência de alta no câmbio pode atrapalhar o preço do pãozinho”, explicou o economista.
Uma pesquisa da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) mostrou que a inflação média esperada para o final de 2021 nos países do G20 é de 3,7%. Para o Brasil, a previsão de alta de preços é quase o dobro, de 7,2%, atrás só da Argentina (47%) e da Turquia (17,8%).