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    Brexit sem acordo pode custar US$ 25 bilhões ao Reino Unido apenas em 2021

    Isso deixaria o país ainda mais atrasado em seus esforços para se recuperar do choque histórico desencadeado pela pandemia

    Julia Horowitz, , do CNN Business, em Londres

    A economia britânica foi atingida pela pandemia. Agora, com as negociações sobre um novo acordo comercial com a União Europeia em risco de colapso, Johnson precisa decidir: tenta achar uma solução em comum com a Europa ou vai embora?

    A Grã-Bretanha já enfrenta antecipadamente um difícil 2021, com o país lutando contra os choques gêmeos do coronavírus e do Brexit. Mas não conseguir fechar um acordo com o maior mercado de exportação do Reino Unido aumentaria os danos.

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    Ficar de mãos vazias (o que Johnson ameaçou fazer na sexta-feira, 16) criaria interrupções no comércio quando o período de transição terminar no final deste ano, tirando mais de US$ 25 bilhões da economia do Reino Unido em 2021 em comparação com um cenário no qual acordo de livre comércio limitado é fechado.

    Isso deixaria o país ainda mais atrasado em seus esforços para se recuperar do choque histórico desencadeado pela pandemia. A análise da CNN Business foi feita com base em previsões do Citi e do Institute for Fiscal Studies (IFS).

    “A combinação da Covid-19 com a saída do mercado único da UE torna as perspectivas do Reino Unido excepcionalmente incertas”, disse Laurence Boone, economista-chefe da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em um relatório divulgado nesta semana. “As ações tomadas para lidar com a pandemia e as decisões sobre as relações comerciais futuras terão um impacto duradouro na trajetória econômica do Reino Unido nos próximos anos”, continuou.

    Poucos avanços no acordo

    O tempo está correndo para que o Reino Unido e a União Europeia cheguem a um acordo, com a Grã-Bretanha prestes a perder seu status comercial favorável com o bloco no final de dezembro.

    As reuniões desta semana foram concluídas sem grandes avanços, e Johnson disse na sexta-feira que o país deve se preparar para uma relação comercial semelhante à da Austrália. Só que a Austrália não tem um acordo comercial abrangente com a União Europeia. A maior parte do comércio é conduzida de acordo com as regras mais básicas da Organização Mundial do Comércio (OMC).

    Dado que Bruxelas, a sede da União Europeia, “se recusou a negociar seriamente durante a maior parte dos últimos meses”, disse Johnson, “agora é a hora de nossas empresas se prepararem, as transportadoras se prepararem, e os viajantes se prepararem” para uma saída sem acordo.

    No entanto, ainda pode haver alguma esperança. Johnson evitou descartar novas negociações, e a presidente da Comissão da UE, Ursula von der Leyen, tuitou na sexta-feira que sua equipe iria a Londres na próxima semana para intensificar as negociações, conforme planejado anteriormente.

    Os direitos de pesca e a estrutura para a resolução de futuras disputas continuam a ser pontos críticos para ambos os lados, de acordo com Mujtaba Rahman, diretor-gerente para a Europa do Eurasia Group, uma consultoria de risco político.

    “Não acreditamos que o acordo vá fracassar, mas achamos que os desafios técnicos e políticos que ele apresenta serão mais difíceis de superar do que muitos acreditam”, afirmou Rahman na quinta-feira (15).

    Johnson disse que os termos do futuro acordo comercial precisavam ser acertados até meados de outubro para dar às empresas tempo suficiente para planejar o resultado. Esse prazo já passou.

    Rahman acredita que ainda é do interesse político do primeiro ministro britânico chegar a um acordo, dada a crítica à sua gestão da crise da Covid-19.

    “À medida que o governo de Boris Johnson se despedaça com o coronavírus, a necessidade de uma vitória política, que só pode ser um acordo, é maior do que nunca”, disse ele.

    O Reino Unido optou nos últimos dias por uma abordagem regional à medida que seus casos de coronavírus aumentavam, reimpondo regras estritas de isolamento em Liverpool e impedindo pessoas de diferentes famílias de se reunirem em ambientes fechados em Londres a partir de sábado. Isso gerou críticas tanto daqueles que estão preocupados com o impacto na economia quanto daqueles que acreditam que medidas nacionais dramáticas são necessárias para manter a situação sob controle.

    Alarme entre as empresas

    A confusão sobre o próximo passo do Brexit não poderia vir em pior hora para o Reino Unido.

    O Citi e o IFS estimam que a economia do Reino Unido se contraia 9,4% este ano. Segundo dados do Bank of England, o banco central britânico, seria a maior queda desde 1921 As restrições adicionais em vigor podem piorar as coisas.

    Um rompimento desordenado com a União Europeia no topo da recessão do coronavírus só prolongaria a recuperação econômica do país.

    Com um acordo comercial limitado, a economia do Reino Unido deve se recuperar com crescimento de 4,6% em 2021, antes de perder força entre 2022 e 2024, de acordo com as projeções do IFS e do Citi. O fracasso em chegar a um acordo comercial com a Europa reduziria até um ponto percentual desse nível de crescimento. A diferença chega a quase £ 20 bilhões, ou mais de US$ 25 bilhões.

    Segundo os economistas do Citi e IFS, mesmo o melhor cenário de um acordo comercial limitado deixaria a economia do Reino Unido 2,1% menor em 2021 do que teria sido se o período de transição fosse estendido indefinidamente.

    Com uma incerteza significativa atrapalhando as perspectivas, as empresas estão expressando ansiedade em relação aos próximos meses.

    Em uma pesquisa com mais de 950 executivos divulgada na sexta-feira (16) pelo Institute of Directors, cerca de um quarto dos entrevistados disse não ter certeza de que eles estarão preparados para o fim do período de transição.

    “A perspectiva de sair sem acordo já seria assustadora o suficiente, e agora ainda temos de lidar com isso no meio de uma pandemia global”, disse a consultora sênior de políticas da IoD, Allie Renison. “Essas disrupções não anulam uma à outra. No mínimo, elas agravariam a dor das empresas britânicas”.

    (Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês).

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