Brasileiros “esquecem” R$ 101 bi em grupos de consórcio, mostra relatório do Banco Central
Volume corresponde a juros, multas, rendimentos ou rateio do fundo de reserva não retirados após a contemplação em um sorteio ou no encerramento de um grupo em 2023
Os brasileiros tinham R$ 101 bilhões em grupos de consórcio em 2023, uma alta de 17,8% em comparação a 2022. O número é do Panorama do Sistema de Consórcios, divulgado pelo Banco Central (BC) na sexta-feira (19).
Esses recursos esquecidos correspondem a juros, multas, rendimentos ou rateio do fundo de reserva não retirados após a contemplação em um sorteio ou no encerramento de um grupo.
O segmento se destina a propiciar aos consorciados o acesso a bens e serviços, como imóveis, automóveis, eletroeletrônicos e eletrodomésticos.
No relatório, além do crescimento dos recursos, o BC destacou o aumento no volume a coletar e na carteira dos grupos de consórcios, que atingiram, respectivamente, R$ 496,9 bilhões (+24,9%) e R$ 105,7 bilhões (+15,5%) em dezembro de 2023.
De acordo com o órgão, os “indicadores demonstram a manutenção na tendência de expansão do Sistema de Consórcios, que acelerou ainda mais após superar os impactos causados pela pandemia da Covid-19”.
No documento o banco também afirmou que “esse sistema tem se consolidado como importante modalidade de financiamento para aquisição de bens, assim como um relevante instrumento de inclusão financeira”.
A instituição traz ainda que a taxa de inadimplência apresentou leve recuou de 0,61%, encerrando o ano em 2,54%.
A Lei dos Consórcios, publicada em 2008, autoriza as administradoras a cobrar uma taxa sobre o dinheiro não sacado. Em 2023, essa taxa arrecadou R$ 830 milhões, representando uma variação positiva de 5% em relação ao ano passado.
O total de cotas comercializadas em 2023 atingiu 4,14 milhões, de modo que as cotas ativas em dezembro alcançaram a marca de 10,34 milhões, uma alta de 9,7% em relação a 2022, das quais 1,58 milhão foram contempladas no período.
Elas estavam distribuídas da seguinte forma: 4,50 milhões de automóveis, 2,87 milhões de motocicletas, 1,73 milhão de imóveis e 1,25 milhões para os demais tipos de bens e de serviços.
Ainda segundo o relatório, os estados brasileiros que mais concentraram metade das cotas ativas em 2023 foram São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Sul.
Em dezembro de 2023, 136 administradoras estavam ativas, sendo 130 com grupos ativos. Ao longo do ano, cinco administradoras deixaram de operar e não houve ingresso de nova administradora no sistema.
O valor médio dos créditos totalizou R$ 55,3 mil, alta de 28% na mesma comparação. O prazo médio dos consórcios subiu de 119 para 131 meses.
Brasileiros “esquecem” R$ 101 bi em grupos de consórcio, diz BC