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    Brasil precisa reforçar compromisso com o teto de gastos, diz VP da Moody’s

    A executiva da Moody’s, Samar Maziad, ressalta que, mesmo antes da pandemia, o Brasil já era visto com preocupação pela necessidade das reformas estruturais

    Thais Herédiada CNN

    A desconfiança de que o Brasil perca o controle das contas públicas para acomodar mais gastos do governo desperta preocupações dos investidores, mas também das agências de classificação de risco. Em entrevista exclusiva ao CNN Business, Samar Maziad, vice-presidente e analista sênior da Moody’s, afirma que está acompanhando atentamente o debate e engrossa o coro sobre os riscos de o país perder sua ancora fiscal. 

    “É preciso dizer como o país vai voltar para o compromisso fiscal que existia antes da crise. O Brasil precisa reforçar seu comprometimento com o teto de gastos e mostrar como vai assegurar a gestão das gastos e da dívida pública a partir do ano que vem”, disse Samar Maziad. 

    A executiva da Moody’s ressalta que, mesmo antes da pandemia, o Brasil já era visto com preocupação pela necessidade das reformas estruturais para conter o crescimento dos gastos e melhorar a gestão fiscal.

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    Ela lembra que o mundo todo passou a gastar muito mais para lidar com os efeitos da crise sanitária. Países se endividaram e há uma preocupação maior com os mercados emergentes. 

    “O Brasil também fez isso e o mercado ficou confortável porque entendeu que era necessário e que tudo voltaria ao normal no ano que vem. Mas, nas últimas semanas, muitos vêm falando em excepcionalidades, em contabilidade criativa para pagar novos programas”, diz a vice-presidente da Moody’s. “Por outro lado, o teto de gastos está na Constituição, que é mais difícil de mudar. A institucionalidade está lá e a credibilidade não pode se perder.” 

    Sobre o aumento do prêmio cobrado pelos investidores para comprar títulos emitidos pelo Tesouro Nacional, Maziad prefere não comentar a atuação do governo. Mas alerta que, quando os investidores começam a pedir mais pela rolagem da dívida, é bom entender os recados. 

    “Isso é um sinal, são alertas de que há limites para quanto mais gastos o governo pode fazer. Chega num ponto que mesmo investidores domésticos começam a se posicionar cobrando credibilidade da estrutura fiscal do país. A oportunidade de fazer exceções no teto de gastos para pagar o programa social é a razão de os investidores estarem desconfiados”, diz. 

    Analistas de agência de risco não se adiantam sobre o que pode acontecer com a nota dos países ou até mesmo com a perspectiva sobre sua classificação – um indicador importante. A perspectiva sobre a nota brasileira está estável e a nota de crédito atual é “Ba2”, o que deixa o Brasil dois degraus abaixo do chamado grau de investimento. 

    Mesmo assim, Samar Maziad lembrou quais são os gatilhos que podem fazer a Moody’s rever sua posição e indicar piora na percepção de risco do país. 

    “Os gatilhos que podem mudar o rating são os mesmos. Um cenário que mostre um significativo desvio do teto de gastos ou a conclusão de que a dívida pública não vai se estabilizar depois da crise. Não achamos que isso é o caso agora até porque, o nível da dívida não é uma preocupação e sim a sua trajetória. A manutenção do rating atual incorpora uma visão de que haverá gestão responsável da política fiscal e da sua dinâmica”, afirma.

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