Brasil busca diversificar e alavancar exportações aos Emirados Árabes
Exportações para os países árabes só perdem para a China e os EUA
Apesar de ter os países árabes como terceiro maior parceiro comercial, o Brasil tem potencial para explorar novos mercados nesta região, defende Karen Jones, chefe operacional do escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) em Dubai.
A declaração ocorreu durante encontro promovido para a imprensa nesta segunda-feira (21) nos Emirados Árabes Unidos.
Karen cita alguns exemplos de produtos com alto valor agregado como peças automotivas, equipamentos médicos, construção civil, setor aéreo e defesa, além dos itens de higiene pessoal e cosméticos.
“Tem uma boa demanda na África, principalmente para os produtos à base de queratina. É interessante pensar nos Emirados Árabes não apenas como um país de destino, mas também um centro de reexportação”, disse.
Atualmente, os principais produtos de exportação por parte do Brasil para a península arábica são as carnes, o minério de ferro, os derivados sucroalcooleiros, os cereais e a soja.
Os envios para os países árabes só perdem para a China e os Estados Unidos.
Em 2021, o fluxo de comércio entre os dois países totalizou US$ 3,3 bilhões, sendo que o Brasil exportou US$ 2,3 bilhões e importou –especialmente em petróleo e fertilizantes– US$ 977 milhões. A conta gera um superávit de US$ 1,3 bilhão para o Brasil.
Um dos aumentos mais expressivos está no setor de ovos in natura e processados, cuja alta chegou a 81,5% em 2021 em relação a 2020.
Os Emirados Árabes Unidos lideram entre os principais destinos desse produto, tendo respondido por 6,9 mil toneladas de um total de 11,3 mil toneladas.
No segmento de carnes, o agronegócio brasileiro especializou-se na obtenção do certificado halal, uma permissão para os exportadores que desejam enviar carnes aos países árabes.
Obtida a partir de diversos processos, o certificado respeita preceitos do islã e evita o sofrimento do animal. O Brasil figura, inclusive, entre os maiores produtores de proteína halal do planeta.
Visto como essencial para o país desértico, o agronegócio brasileiro tem espaço para crescer. “Os Emirados são uma região onde a segurança alimentar é uma preocupação muito grande. Os Emirados são um país que importa mais de 80% do que consome, em termos de alimentos e bebidas, é aí onde o Brasil se posiciona melhor, como parceiro estratégico”, explica Karen.
Infraestrutura dos Emirados Árabes pode atrair empresas brasileiras
As empresas brasileiras interessadas na exportação podem encontrar no Oriente Médio soluções de logística e distribuição de mercadorias para diversos países.
Por esse motivo, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) defende o aprofundamento das relações entre as nações.
Os Emirados Árabes Unidos, onde estão localizados Dubai e Abu Dhabi, transformaram-se, nas últimas décadas, em um dos maiores centros comerciais mundiais devido à larga infraestrutura marítima na região do Golfo Pérsico e terminais aéreos para carga.
Com foco na redistribuição de mercadorias ao redor do mundo, o país conta com uma zona franca voltada a diversos segmentos econômicos.
O embaixador do Brasil nos Emirados Árabes Unidos, Fernando Igreja, destaca a localização privilegiada do país árabe.
“Os Emirados ocupam uma posição estratégica em termos geográficos, na entrada do Golfo. São o país, talvez, de maior estabilidade política e econômica em todo o Oriente Médio e Norte da África, características que justificam a presença brasileira”, completou.
No ano passado, por exemplo, Dubai importou 8 milhões de toneladas de alimentos e reexportou o equivalente a 6,277 milhões por meio de seus portos. Foram emitidos mais de 78 mil certificados sanitários de exportação.
Em 2021, este centro de comércio e redistribuição alcançou o melhor resultado em atração de empresas internacionais, com 2.485 novas companhias.
No ano anterior, foram 2.025 novas adesões. No total, o país conta com mais de 20 mil empresas associadas, desde a sua inauguração há 20 anos.
A chefe operacional do escritório da Apex-Brasil em Dubai, Karen Jones, explica que a participação de empresas brasileiras nesse contexto é difícil de mensurar.
“Até mesmo em parcerias com órgãos governamentais locais, a gente tem uma dificuldade em mapear números exatos. Os números que eles puxam, muitas vezes, contam com empresas que têm como representante um brasileiro”, disse.
Apesar disso, a estimativa que é que existam entre 40 e 50 empresas do Brasil. Alguns exemplos são JBS, BRF, Embraer, Vale, Tramontina e Boticário.
O setor aeroportuário de Abu Dhabi também apresentou bons resultados de tráfego de carga durante 2021. Houve aumento de 31,8% no volume transportado, passando de 540.144 toneladas em 2020 para 711.715 toneladas em 2021.
O desempenho foi atribuído ao aumento nos embarques de carga geral e produtos especiais, como mercadorias expressas, com temperatura controlada e produtos farmacêuticos.