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    Bolsa Família pode ser causa para queda em taxa de pessoas à procura de emprego, dizem especialistas

    Segundo divulgação do IBGE, percentual de pessoas ocupadas ou em busca de ocupação ficou em 61,4% — reforçando tendência de recuo

    Da CNN , São Paulo

    A transferência de renda do Bolsa Família pode ser causa para a queda recentemente registrada na taxa de participação na força de trabalho — que calcula as pessoas ocupadas ou em busca de ocupação —, segundo especialistas consultados pela CNN.

    Pesquisador da área de Economia Aplicada do FGV Ibre, Daniel Duque afirma que apesar de ainda ser “difícil” mapear as causas para este recuo, o avanço dos programas de transferência de renda se destaca entre as possibilidades.

    “Ainda é muito difícil mapear as causas, mas o que pode explicar são os aumentos nas transferências de renda, desde 2022 com o Auxílio Brasil e agora com o retorno do Bolsa Família — que teve expansão de benefícios em 2023”, aponta.

    A taxa de participação ficou em 61,4% na atualização mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para abril. A divulgação desse dado sempre diz respeito ao trimestre — ou seja, essa porcentagem traz o índice entre fevereiro e abril.

    Na divulgação de março, o índice trimestral havia ficado em 61,6%; em fevereiro foi 61,7%, em janeiro ficou em 61,9% e, em dezembro de 2022, foi de 62,1%.

    O economista da XP Rodolfo Margato destacou uma “coincidência temporal” que reitera a relação. A queda na taxa de pessoas à procura de emprego inicia a trajetória descendente em julho de 2022, mês em que foi promulgada a PEC dos Benefícios. A norma elevou o valor do Auxílio Brasil a R$ 600.

    “A gente vinha observando uma recuperação na taxa de participação ao longo de 2021, no primeiro semestre de 2022. E a gente viu uma interrupção neste processo de melhoria a partir do início do segundo semestre do ano passado, que coincide com maiores transferências do governo, no caso, o aumento do Auxílio Brasil para R$ 600”, indica.

    Ainda antes da pandemia de Covid-19, no quarto trimestre de 2019 a taxa de participação era de 63,6%. A chegada da crise e das restrições sanitárias diminuíram drasticamente o número de pessoas à procura de emprego: no segundo trimestre de 2020, o índice atingiu 57,3%.

    Desde então, a métrica se recuperou gradualmente, atingindo 62,7% em julho de 2022. A partir deste momento, volta a cair.

    Economista da Tendências Consultoria, Lucas Assis também afirma que os programas contribuem para o movimento. “A medida que o domicílio já conta com uma geração mínima de renda, os membros inativos têm pouco incentivo a buscar uma ocupação”, explica.

    Impacto sobre o desemprego

    Daniel Duque aponta que este recuo na taxa de participação na força de trabalho tem impacto no avanço do desemprego. Ele diz que este fator se associa à baixa geração de postos, resultado de uma economia pouco acelerada.

    A taxa de desocupação foi de 8,5% no trimestre móvel encerrado em abril de 2023. A variação de 0,1 ponto percentual em relação ao trimestre anterior, de novembro de 2022 a janeiro de 2023 (8,4%).

    Esta é a menor taxa para um trimestre encerrado em abril desde 2015, quando ficou em 8,1%. Já em comparação com o mesmo período de 2022, a taxa de desocupação caiu 2 pontos.

    Publicado por Danilo Moliterno.

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