BoE vê risco de choque em sistema financeiro voltando ao nível pré-pandemia
Exposição da dívida e da alavancagem globais, porém, seguem relevantes para o sistema financeiro do Reino Unido
O presidente do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Andrew Bailey, afirmou que as vulnerabilidades que podem provocar um choque no sistema financeiro do Reino Unido voltaram a um nível padrão, similar ao do período anterior à pandemia de covid-19.
Durante coletiva de imprensa que seguiu a publicação do Relatório de Estabilidade Financeira de dezembro do BoE, o dirigente afirmou que há pouca evidência de deterioração nos padrões de empréstimos a domicílios, e as vulnerabilidades da dívida corporativa britânica aumentou de forma apenas modesta durante a pandemia.
A exposição da dívida e da alavancagem globais, porém, seguem relevantes para o sistema financeiro do Reino Unido, segundo Bailey.
‘Robusto’
Os principais bancos do Reino Unido estão com liquidez e capital robustos o suficiente para seguir apoiando a recuperação de domicílios e empresas da crise da covid-19 ou até ante cenários mais “severos”, de acordo com o Relatório de Estabilidade Financeira divulgado nesta segunda-feira.
Quanto à saúde dos mercados, o BoE relatou que a tomada de risco financeiro permaneceu alta em comparação com níveis históricos, mesmo ao desconsiderar a recente volatilidade. “A baixa compensação pelo risco em alguns mercados pode ser uma evidência do comportamento de busca por rendimento dos investidores, o que pode refletir o ambiente contínuo de taxas de juros baixas. Isso cria a chance de uma correção acentuada nos preços dos ativos”, ressalto o Banco.
Segundo a entidade, há incertezas ao redor da recuperação econômica por conta de pressões de curto prazo nos preços e nas cadeias de suprimentos. O BoE ainda ressalta potenciais impactos da pandemia de covid-19 sobre a atividade caso novas variantes do coronavírus se mostrem mais resistentes às vacinas disponíveis atualmente.
Com os riscos ao sistema financeiro voltando a patamares similares ao período antes da crise sanitária, a entidade resolveu subir o seu buffer de capital contracíclico de 0% para 1%, a ser implementado em dezembro de 2022. Caso a economia siga se recuperando, o instrumento deve sofrer nova elevação no segundo trimestre do ano que vem, a 2%, antecipou o BOE.
Criptoativos
No relatório, o BC britânico ainda afirmou que o Comitê de Estabilidade Financeira classificou riscos sistêmicos por “criptoativos” como limitados, com chance de crescerem no futuro.
Na coletiva de imprensa nesta segunda-feira, o presidente do BoE, Andrew Bailey, alertou sobre a volatilidade desses ativos e disse que seus investidores correm o risco de perder todo o investimento.